domingo, junho 24, 2007

VÁ.VÁ.DIANDO
7 º J A N T A R D A T E R T Ú L I A



27.06’07: 20H
R E S T A U R A N T E - C A F É V Á V Á

CONVIDADO ESPECIAL:
MARIA DO CÉU GUERRA
ACTRIZ

DEPOIS DE RAUL SOLNADO, FERNANDO DACOSTA, NUNO JÚDICE, TEOLINDA GERSÃO, IVA DELGADO e LIDIA JORGE CONTINUAM OS NOSSOS ENCONTROS, REATANDO UMA TRADIÇÃO DE TERTÚLIA DO CAFÉ-RESTAURANTE VÁVÁ.

MARIA DO CÉU GUERRA, ACTRIZ, UM DOS VULTOS DA CULTURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA, ESTARÁ NO CENTRO DE MAIS UMA TERTÙLIA.

TODOS ESTÃO CONVIDADOS MEDIANTE O PAGAMENTO DE UMA SIMBÓLICA QUANTIA: 12,5 EUROS POR PESSOA.
COM DIREITO A SOPA, UM PRATO DO DIA, PEIXE OU CARNE, SOBREMESA, BEBIDA (VINHO É O DA CASA!) E CAFÉ. EXTRAS POR CONTA DO FREGUÊS.

RECUPEREM O BOM GOSTO DE UM SABOROSO JANTAR E DE UMA RECONFORTANTE CONVERSA À RODA DA MESA.
[ LOTAÇÃO LIMITADA A 45 CADEIRAS. ACEITAM-SE INSCRIÇÕES NO BALCÃO DO VÁVÁ. ]

Para informações e marcações de lugares:
LAURO ANTÓNIO / [ Blogue Va.Va.diando (http://vava-diando.blogspot.com/ ] [ mail: laproducine@gmail.com ]

RESTAURANTE - CAFÉ VÁVÁ
AV. EUA, Nº 100 - 1700-179 – LISBOA (TELF 21.7966761)
Agradecia a confirmação (por mail ou nos comments)
dos autores de blogues interessados.
Com brevidade: Há poucas vagas.

terça-feira, maio 29, 2007

VAVADIANDO COM LIDIA JORGE
Quarta-feira, 30 de Maio de 2007
(20,00 horas)
Restaurante VáVá
6º Jantar-Tertúlia VÁ.VÁ.DIANDO


30.05’07: 20H
R E S T A U R A N T E - C A F É V Á V Á

CONVIDADO ESPECIAL:
LÍDIA JORGE
VOCAÇÃO DE ESCRITORA

DEPOIS DE RAUL SOLNADO, FERNANDO DACOSTA, NUNO JÚDICE, TEOLINDA GERSÃO, IVA DELGADO, CONTINUAM OS NOSSOS ENCONTROS, REATANDO UMA TRADIÇÃO DE TERTÚLIA DO CAFÉ-RESTAURANTE VÁVÁ.
LIDIA JORGE, ESCRITORA, UM DOS VULTOS DA CULTURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA, ESTARÁ NO CENTRO DE MAIS UM DEBATE. “COMBATEREMOS A SOMBRA”, SUA ÚLTIMA OBRA.

TODOS ESTÃO CONVIDADOS MEDIANTE O PAGAMENTO DE UMA SIMBÓLICA QUANTIA: 12,5 EUROS POR PESSOA.
COM DIREITO A SOPA (DE ALHO FRANCÊS), UM PRATO DO DIA, PEIXE (FILETES COM SALADA RUSSA) OU CARNE, (ARROZ DE PATO) SOBREMESA, BEBIDA (VINHO É O DA CASA!) E CAFÉ. EXTRAS POR CONTA DO FREGUÊS.

RECUPEREM O BOM GOSTO DE UM SABOROSO JANTAR E DE UMA RECONFORTANTE CONVERSA À RODA DA MESA.
[ LOTAÇÃO LIMITADA A 45 CADEIRAS. ACEITAM-SE INSCRIÇÕES NO BALCÃO DO VÁVÁ. ]

Para informações e marcações de lugares:
LAURO ANTÓNIO / [ Blogue Va.Va.diando (http://vava-diando.blogspot.com/ ] [ mail: laproducine@gmail.com ]
RESTAURANTE - CAFÉ VÁVÁ AV. EUA, Nº 100 - 1700-179 – LISBOA (TELF 21.7966761)



Fotografia de Graça Sarsfield

LÍDIA JORGE
Dados biográficos:
Nasceu em Boliqueime (Algarve), no ano de 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e foi professora do ensino secundário.
Considerada hoje em dia como uma das romancistas de maior sucesso na literatura portuguesa contemporânea, começou a escrever desde muito jovem. É colaboradora de vários jornais e revistas e tem integrado diversos júris de prémios literários. É membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Em 1970, Lídia Jorge parte para África, onde dá aulas em Angola e Moçambique. O pleno ambiente da Guerra Colonial, que aí contactou será descrito mais tarde, através do olhar da mulher de um oficial do exército português, no romance A Costa dos Murmúrios.
Regressada a Lisboa, continuou a dar aulas, foi professora da Faculdade de Letras de Lisboa, actividade que interrompeu para desempenhar funções na Alta Autoridade para a Comunicação Social.
A sua primeira obra, O Dia do Prodígios, constrói-se como uma alegoria ao país fechado e parado que Portugal era sob o regime anterior à revolução de Abril de 74.
O impacto causado por este romance foi, também ele, prodigioso. Lídia Jorge foi de imediato saudada como uma das mais importantes revelações das letras portuguesas e uma voz renovadora do seu imaginário romanesco.
A tecitura narrativa dos seus dois primeiros romances mistura vários planos narrativos numa estrutura polifónica de onde se destacam personagens que adquirem uma dimensão metafórica, ou mesmo mítica. Têm sido, associados à literatura sul-americana, pela presença do fantástico.
A sua escrita reflecte a captação da oralidade, bem como uma estrutura narrativa que afirma, a par do discurso do narrador, o discurso das personagens. A cultura de tradição oral, a linguagem dos grupos arcaicos, os seus mitos e simbologias sociais, servem o objectivo de reflexão sobre a identidade cultural portuguesa.
O experimentalismo que marca, sobretudo, as suas primeiras obras começa, entretanto, a tomar um tom mais realista, nomeadamente no romance, O Jardim Sem Limites, onde à pequena aldeia de Vilamaninhos, se substitui Lisboa, a metrópole europeia onde se cruzam todas as influências e se rarefazem identidades e territórios.
Os seus romances mantêm uma grande variedade temática. Estão sobretudo ligados aos problemas colectivos do povo português e às circunstâncias históricas e mudanças da sociedade nacional após o 25 de Abril, assim como à problemática da mulher.
Bibliografia:

O Dia dos Prodígios, Publ. Europa-América, 1980; 7ª ed. Lisboa: D. Quixote, 1995.
O Cais das Merendas, Publ. Europa-América, 1982; 5ª ed. Lisboa: D. Quixote, 1995.
Notícia da Cidade Silvestre, Publ. Europa-América, 1984; 10ª ed. Lisboa: D. Quixote, 1994.
A Costa dos Murmúrios, D. Quixote, 1988.
A Última Dona, D. Quixote, 1992.
A Instrumentalina (conto), D. Quixote, 1992.
O Conto do Nadador (lit. juvenil), Contexto, 1992.
O Jardim Sem Limites, D. Quixote, 1995.
A Maçon, D. Quixote / Soc. Port. de Autores, 1997.
(encenada em 1997, no D. Maria II).
Marido e outros contos, Lisboa: D. Quixote, 1997.
O Vale da Paixão, Lisboa: D. Quixote, 1998.
O Vento Assobiando nas Gruas, Lisboa: D. Quixote, 2002.
O Belo Adormecido, Lisboa: D. Quixote, 2002.
Combateremos a Sombra, Lisboa: D. Quixote, 2002.

sexta-feira, maio 18, 2007

AVISOS MAIS OU MENOS IMPORTANTES

VÁVÁ.DIANDO
Almoço de sábado sobre BLOGOSFERA
ADIADO
a pedido de diversas familias bloguistas
Para uma próxima ocasião
(dado muitos interessados em assistir
não o poderem fazer amanhã, sábado, 19, às 14,00).
Oportunamente será indicada nova data.
***






(os últimos avisos foram-me enviados por mail, pelo Fred. Alguns são deliciosos).

sábado, abril 28, 2007

Geração Vávà no Epresso - 24.04.2004



A geração Vavá

Evocação de um café de Lisboa que foi símbolo dos anos 60. Ali nasceu o cinema novo português, ali se conspirou e se sonhou o futuro em dissidência com o país cinzento. Memórias da inquietação
Alterar tamanho


No cruzamento da Avenida de Roma com a dos Estados Unidos da América, onde se erguem quatro edifícios a vermelho e branco, foi projectado de raiz um café com a assinatura do arquitecto e «designer» Eduardo Anahory. Este lugar, moderno e arejado, com uma esplanada virada para as novas avenidas de Lisboa que simbolizavam a modernidade e o cosmopolitismo de uma emergente burguesia citadina, marcou a geografia urbana de uma geração.

Inaugurado em 1958, com nome inspirado num famoso jogador brasileiro de futebol, o Vavá foi no correr da década de 60 poiso de uma juventude atenta aos ventos de mudança e que desacertava o passo com o país da marcha vagarosa sob a égide da cultura salazarista. Foi o espaço carismático de líderes de crises académicas e dos cineastas inquietos que despertavam para o cinema novo. O café dos músicos que ensaiavam os toques da agitação «ié-ié» e dos publicitários que andavam na forja da profissão do futuro. O abrigo dos políticos que sonhavam em voz alta com a sociedade aberta e das musas e valquírias - assim eram chamadas as meninas do Vavá, consideradas mais desempoeiradas do que era usual. Eram os tempos dos verdes anos.

Relembrando os velhos tempos no Vavá: atrás, Fernando Lopes, Maria Helena Brederode, José Paulo Gascão e Medeiros Ferreira; à frente, Ana Louro, Helena Carneiro e António Dias

Conta Paulo Rocha: «Eu tinha chegado do Porto e os meus pais compraram um apartamento no oitavo andar do prédio do Vavá. Era a época da monomania do cinema. Eu andava à procura de um argumento para fazer o meu primeiro filme e li num jornal a notícia de um crime passional. O caso tinha acontecido ali ao lado e impressionou-me muito. Andei às voltas pelo bairro e descobri uma oficina de sapateiro que tinha uma janela linda, em cinemascope, aberta sobre a rua. Acabei por filmar naquele eixo entre a Estados Unidos da América, onde ficava a minha casa, e o café Vavá».

Assim começava a rodagem de Verdes Anos, o filme de culto que em 1963 inaugurava uma nova vaga no cinema português. As filmagens foram um acontecimento. Durante quatro meses, assistia-se na rua, em directo, ao processo de fazer cinema. No centro da cena estava o Vavá. Todos os dias o grupo dos amantes da sétima arte, entre eles os jovens cineastas Fernando Lopes, António-Pedro Vasconcelos e Lauro António e o crítico Seixas Santos, acompanhava o movimento da câmara de Paulo Rocha e discutia apaixonadamente o desenrolar da acção.

CARLOS PAREDES E A JAPONESA

Obras em toalhas do café: de Carlos Mendes...

Para Paulo Rocha, figura discreta e tímida, que descia de casa para se cruzar brevemente com o pessoal que se reunia no café à sua porta, esses foram momentos quase mágicos. Qualquer coisa muito importante começava a acontecer, agitava-se, e pairava no ar. «O Carlos Paredes, autor da banda sonora do filme, passava pelo café e subia ao oitavo andar para dar aulas de música à namorada japonesa com quem eu estava na altura. No prédio, as empregadas das senhoras seguiam atentamente as filmagens e protestavam junto dos jornalistas - que andavam por ali a ver - porque não concordavam com o guarda-roupa escolhido para a Isabel Ruth representar o papel da criadita que tinha chegado da província. Eu estava a trabalhar com uma equipa de amadores e tentava provar que era possível fazer cinema daquele modo. Foi puro artesanato».

Conta-se que no dia em que Verdes Anos estreou, o grupo do Vavá subiu à Sé de Lisboa e foi até junto da prisão do Aljube gritar aos presos políticos como tinha corrido a estreia. Cá fora recebiam-se ecos de que na cadeia a realização do filme tinha sido atentamente seguida pelos presos. Sobretudo pelos militantes comunistas, grandes apreciadores da música de Paredes. Paulo Rocha soube mais tarde que muitos deles, quando saíram da prisão, a primeira coisa que fizeram foi ir ver o filme. Este facto impressionou muito o cineasta. A sua primeira obra passara a representar os ventos de mudança e, nesse sentido, era um marco da resistência cultural.

José Medeiros Ferreira, hoje deputado socialista na Assembleia da Republica, confessa que ainda sente uma certa nostalgia daquela tertúlia. Começou por frequentá-la quando andava na Faculdade de Letras, por altura da crise académica de 1962. No seu grupo participavam Jaime Gama e Alfredo Barroso. Para os estudantes, que subiam a pé desde a Cidade Universitária até à Estados Unidos da América, o Vavá simbolizava a modernidade lisboeta. Um ponto de encontro fora dos corredores de Direito e de Letras que, segundo o jovem estudante açoriano de então, representava uma janela para o mundo lisboeta.

... Dalila D’Alte...

«Era o melhor mundo possível no Portugal daquela época», conta Medeiros Ferreira. «Havia um convívio de gente de grande qualidade. Um dos grupos que andava por ali era o dos publicitários, que começa, justamente nos anos 60, a surgir em pequenas agências com pessoas muito criativas. Muitos dos estudantes expulsos das universidades nas crises académicas foram caçados para a publicidade, pois tinham um espírito crítico, irreverente e inovador que era muito adequado àquela profissão. Mas eram os cineastas quem dominava a tertúlia do café. Havia até uma certa rivalidade entre eles e os associativos por causa do elemento feminino».

Numa época em que os namoros ainda se faziam muito nas salas de cinema e os movimentos das raparigas eram controlados, na melhor das hipóteses, pelos irmãos mais velhos, o contingente feminino que frequentava o Vavá - a quem João César Monteiro concedeu o título de «valquírias» - marcava diferença. Eram consideradas o princípio da modernidade feminina e, de alguma forma, representavam o «l’air du temps» que ali se vivia.
Ana Louro, decoradora e aderecista de cinema, começou a frequentar a tertúlia com 16 anos. Tinha chegado de Paris, onde, durante sete meses, andara a flanar sozinha. Um feito raro numa jovem portuguesa do início dos 60 e que lhe proporcionava uma aura de emancipação e de grande liberdade, muito apreciada pelos jovens do Vavá.

O «SWING» DOS SHEIKS

... de Manuela Pinheiro

«Todos nós morávamos por ali e passávamos lá os dias», recorda Ana. «Aparecia sempre imensa gente e os grupos iam-se formando à volta das mesas, com todos a fumar ao mesmo tempo. Naquela época o Vavá era um café lindo, com os azulejos da Menez e uns sofás em cabedal que eram um luxo. Aquilo era uma referência absoluta em Lisboa. Muita coisa que se fez nasceu ali. Lembro-me do Luís Villas-Boas, que andava por lá a organizar o Festival de Jazz de Cascais e com quem íamos à noite para o Hot Clube».

No grupo dos músicos pontificavam os Sheiks, cujo mentor era Mário Assis Ferreira, actual administrador do Casino Estoril. Fernando Tordo e Paulo de Carvalho faziam parte da banda. Villas-Boas, que já tinha o seu programa de rádio e possuía uma invejável colecção de LP, levava muito a peito a educação musical de Paulo de Carvalho, a quem emprestava discos para lhe espicaçar o «swing».

Mas o grande catedrático das tertúlias do Vavá era o cineasta Fernando Lopes, cujos conhecimentos adquiridos nas mesas de montagem da RTP, onde trabalhava, lhe garantiam um estatuto técnico que ninguém mais tinha. O contrato para o seu Belarmino, realizado em 1963, foi redigido por António da Cunha Teles, que tinha a sua produtora ali em frente, e assinado num guardanapo de papel.


Lauro António com Fernando Lopes e Maria Emília Brederode, na esplanada

O café era o elo que fazia a ponte entre o grupo dos cineastas e os estudantes associativos, uma espécie de interface com ligações a vários núcleos de Lisboa e através do qual chegavam ao centro das Avenidas Novas as novidades e as conspirações que agitavam a cidade. José Paulo Gascão, outro grande «habitué», que tinha chegado do Fundão para estudar Direito, era um dos associativos que vinha fazer militância para as mesas do café, tentando recrutar alguns dos jovens para a causa comunista. Fernando Lopes, menos dado à militância política, lembra-se bem das operações-relâmpago e dos abaixo-assinados que surgiam no Vavá e incendiavam os meios culturais.

Para muitos dos estudantes que vinham da província - grande parte morava em quartos alugados por aquelas bandas -, o Vavá era uma espécie de grande casa onde permaneciam a partir das três da tarde. E a tarde começava com os jornais vespertinos, que chegavam por essa altura e eram lidos colectivamente. Por lá ficavam até à noite, longe do controlo das famílias.

Helena Carneiro, outra das musas do Vavá (que mais tarde foi directora de publicidade no EXPRESSO), tinha vindo do Porto para estudar Letras em Lisboa. Era ela uma das grandes impulsionadoras dos movimentos que se organizavam a partir do café: as idas colectivas ao Cineclube e às sessões dos cinemas Império e Monumental, e também às manifestações que começavam a aquecer aqueles anos; os passeios organizados fora de Lisboa e as festas num 13º andar ali em frente, na casa onde moravam António-Pedro Vasconcelos e António Dias (actual embaixador de Portugal em Belgrado) e onde César Monteiro, uma espécie de sem-abrigo que espreitava as casas de uns e outros, pernoitava com grande assiduidade.

CHICO BUARQUE E AS VALQUÍRIAS

Isabel Ruth e Carlos César numa cena de «Paisagem Sem Barcos»,
de Lauro António, rodada no café

Helena Carneiro ainda se recorda de uma peça de teatro que foram todos ver ao cinema Império, em 1966, e que marcou aquela geração: Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, representada por um grupo universitário brasileiro e que integrava no elenco três músicos para acompanharem as canções. Um deles fez grande furor entre as valquírias do Vavá. Era Chico Buarque de Holanda, autor da música da peça, então um ilustre desconhecido, que por cá andou durante um mês, segundo consta, em permanente bebedeira.

Para a ex-directora de publicidade, os dias do Vavá terminaram com o fim da década de 60. Entretanto tinha casado com Zé Manel Picão de Abreu, outra grande figura do Vavá e actual presidente da Federação de Rugby, e o casal sonhava conhecer África: «A certa altura convidaram-no para ir trabalhar para a Estúdio Norte, uma agência que estava a começar em Luanda. Acabámos por arranjar trabalho para os dois. Quando regressámos, em 1973, os tempos já eram outros».

No final dos anos 60, também Medeiros Ferreira e Maria Emília Brederode se despediam dos dias do Vavá. Fernando Lopes recorda-se de o amigo ter passado pelo café, na véspera de partir para o exílio, para lhe contar a novidade e dizer adeus. Foi em 1968. No ano em que começaram as provocações do movimento Jovem Portugal, os meninos salazaristas que faziam incursões até ao café e atiravam pedras aos vidros. No início dos 70, a geração do Vavá começou a mover-se para outras direcções. Tinham passado os verdes anos.

Texto de Ana Soromenho
Fotografias actuais de António Pedro Ferreira, in Revista de Expresso, de 24 de Abril de 2004.

quinta-feira, abril 26, 2007

HOJE, TEOLINDA GERSÃO


Hoje, dia 26 de Abril, pelas 20,00 horas

no Café-Restaurante VáVá, em Lisboa,

mais um jantar-tertúlia, desta vez com a presença de

Teolinda Gersão, escritora

(autora do recente "A Mulher que prendeu a Chuva",

e de João Rodrigues, editor (Sudoeste Editora).

TEOLINDA GERSÃO

DADOS BIOGRÁFICOS

Teolinda Gersão nasceu em Coimbra, estudou Germanística e Anglística nas Universidades de Coimbra, Tuebingen e Berlim, foi Leitora de Português na Universidade Técnica de Berlim, docente na Faculdade de Letras de Lisboa e posteriormente professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde ensinou Literatura Alemã e Literatura Comparada até 1995.A partir dessa data passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.
Além da permanência de três anos na Alemanha viveu dois anos em São Paulo, Brasil, (reflexos dessa estada surgem em alguns textos de Os Guarda-Chuvas Cintilantes,1984), e conheceu Moçambique, cuja capital, então Lourenço Marques, é o lugar onde decorre o romance de 1997 A Árvore das Palavras.
Escritora residente na Universidade de Berkeley em Fevereiro e Março de 2004.

BREVE COMENTÁRIO SOBRE A OBRA:
Os seus livros retratam aspectos da sociedade contemporânea,mesmo quando a acção é transposta para uma época diferente. A problemática das relações humanas,a dificuldade de comunicar, o amor e a morte,opressão e liberdade,identidade,resistência, criatividade,são alguns dos temas focados.Outro aspecto central é a atenção dada ao tempo : quer se trate do tratamento do tempo na própria estrutura narrativa,quer seja o tempo histórico em que a acção decorre : a ditadura de Salazar em Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo, os anos vinte em O Cavalo de Sol,o século XIX em A Casa da Cabeça de Cavalo, os anos cinquenta e sessenta em Lourenço Marques em A Árvore das Palavras. Os factos históricos são todavia encarados numa perspectiva que transcende a sua época e os situa em ligação com a actualidade.

LIVROS PUBLICADOS:
O SILÊNCIO (Romance), 1981, 4ª edição 1995
PAISAGEM COM MULHER E MAR AO FUNDO (Romance), 1992,4ª edição 1996.
HISTÓRIA DO HOMEM NA GAIOLA E DO PÁSSARO ENCARNADO (literatura infantil), 1982 (esgotado)
OS GUARDA-CHUVAS CINTILANTES (Diário Ficcional) 1984,2ªedição 1997
O CAVALO DE SOL (Romance),1989 ; edição Dom Quixote-Planeta 2001
A CASA DA CABEÇA DE CAVALO (Romance),1995,2ª edição 1996 ;
edição em Braille,1999
A ÁRVORE DAS PALAVRAS (Romance),1997
edição especial,com 50 ilustrações de Maia, 2000 ; 2ª edição, 2001
edição Dom Quixote- Círculo de Leitores 2001
edição Dom Quixote-Visão 2003
OS TECLADOS (Narrativa),1999 ,2ªedição 2001;edição em Braille,2003
OS ANJOS (Narrativa) , 1ª e 2ª edição 2000
HISTÓRIAS DE VER E ANDAR (contos) ,1ª e 2ª edição 2002
O MENSAGEIRO E OUTRAS HISTÓRIAS COM ANJOS (contos) 2003
Uma versão teatral de OS TECLADOS foi representada no Centro Cultural de Belém em 2001,com encenação de encenação de Jorge Listopad.
Uma versão teatral de OS ANJOS foi representada em 2003 pelo grupo de teatro O Bando,com encenação de João Brites.
Uma versão teatral em língua romena de A CASA DA CABEÇA DE CAVALO vai ser representada em Bucareste em Abril de 2004.
A MULHER QUE PRENDEU A CHUVA (Contos), 2007, Ed. Sudoeste Editora.

PRÉMIOS LITERÁRIOS:
O SILÊNCIO – Prémio de Ficção do Pen Club,1981
O CAVALO DE SOL- Prémio de Ficção do Pen Club,1989
A CASA DA CABEÇA DE CAVALO – Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores,1995.
“shortlisted” para o Prémio Europeu de Romance Aristeion em 1996
OS TECLADOS – Prémio da Crítica da Association Internationale des Critiques Littéraires, 1999.
Prémio Fernando Namora,1999
HISTÓRIAS DE VER E ANDAR – Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco,2002.

quarta-feira, abril 11, 2007

PRÓXIMOS VÁVÁ:DIANDO

PRÓXIMAS TERTÚLIAS

Dia 26 de Abril:

TEOLINDA GERSÃO



Dia 3 de Maio:

IVA DELGADO



Dia 30 de Maio:

LÍDIA JORGE




POESIA, NUNO JUDICE, HOJE




NUNO JÚDICE
Falar de Nuno Júdice é difícil. Falar de Poetas é sempre difícil. Há elementos factuais que se podem dizer.
Nasceu em 1949, em Mexilhoeira Grande (Algarve). Formou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa e é Professor Associado da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em 1989 com uma tese sobre Literatura Medieval.
Tem publicado estudos sobre teoria da literatura e literatura portuguesa. Publicou antologias, como a da Poesia do Futurismo português, edições críticas como a dos Sonetos de Antero de Quental e tem uma colaboração regular em jornais e revistas com críticas de livros e crónicas.
Colaborou em acções de divulgação cultural, como as "Letras Francesas" (1989), com uma apresentação de autores franceses contemporâneos, e organizou a "Semana Europeia de Poesia" no âmbito de Lisboa Capital Europeia da Cultura (1994).
Foi o comissário para a área da Literatura de "Portugal como país-tema da 49ª Feira do Livro de Frankfurt", em 1997.
O seu primeiro livro de poesia data de 1972. Daí para cá tem publicados mais de quarenta títulos, entre poesia, ficção, teatro, ensaísmo.
Recebeu os mais importantes prémios de poesia portugueses: P.E.N. Clube, em 1985; D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus, em 1990; da Associação Portuguesa de Escritores, em 1994, este com o livro "Meditação sobre ruínas".
Em 1999 arrecadou o prémio Bordalo da Casa da Imprensa com o romance «Por todos os séculos».
Em 2001 recebeu o Prémio da Crítica, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários.
Em 2002 obteve o prémio Ana Hatherly com o livro «O estado dos campos».
Está representado em numerosas antologias, tendo participado nos mais importantes festivais de poesia, como o de Roterdão e o de Medellin.
Dirigiu a revista "Tabacaria" da Casa Fernando Pessoa até ao número 8, publicado em 1999.
Foi nomeado em 1997 Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e Director do Instituto Camões, em Paris, cargos que exerceu até Fevereiro de 2004.
É um dos responsáveis pelos Seminários colectivos de tradução de poesia, que se realizam duas vezes por ano no Palácio de Mateus, no Norte de Portugal, e membro permanente do júri do Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus.
É autor de uma peça de teatro, «Flores de estufa», representada no Porto e em Lisboa, tendo traduzido as peças «Sertório» (representada pelo Teatro da Cornucópia com encenação de Luís Miguel Cintra), «A Ilusão Cómica», (representada no Teatro nacional S. João com encenação de Nuno Carinhas) e «O Cerco» de Armand Gatti (representado no festival de teatro de Almada com encenação de Michel Simonot).
Em 2007, a Câmara Municipal de Aveiro criou o Prémio de Poesia Nuno Júdice.
Enumerados os elementos biográficos, fica quase tudo por dizer. Fica pelo menos o mais importante. Eu que o julgo um dos maiores poetas portugueses de sempre, um dos mais importantes poetas líricos da nossa História, na linha de um Camões e de um David Mourão Ferreira, e ficam muito poucos por citar da mesma grandeza, acho que o melhor mesmo é ouvir a sua poesia.

Dois exemplos:

ATÉ AO FIM

Mas é assim o poema: construído devagar,
palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema acabe.

PRINCÍPIOS

Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.

Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.

Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.

Nuno Júdice, in “Pedro, Lembrando Inês”, ERD. Dom Quixote, 2001

Ouvidos os poemas, julgo que nos aproximámos do essencial do poeta: os mistérios da vida e da morte, a obsessão do amor, que é espírito e carne, a construção do poema. Estes são temas constantes da sua obra, desde os tempos mais formalistas da génese da sua obra até ao momento actual, em que as emoções se articulam harmoniosamente com a construção do poema.
Mas chega de aproximações, quando temos connosco o poeta.



(Hoje, no Vává.diando, pelas 20,00 horas).

sexta-feira, março 30, 2007

VAVADIANDO.OS AUTORES

Durante o jantar dedicado a Fernando Dacosta, os autores deste blogue foram apanhados em flagrante pela mulher do mais alto, eternizando este momento de secreta ternura numa bela fotografia. A foto é da MEC (que "Detesta Sopa", mas comeu caldo verde nessa noite!).

E agora,-

-

-

à maneira de

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com acuçar e afecto

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um beijo

para a MEC

e para a Isabel

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(tens uma hora para sair dai!)

:)

quinta-feira, março 29, 2007

VáVá.diando com Nuno Judice



Nuno Júdice


(Váva.diando a 11 de Abril)



Dados biográficos:

Nasceu em 1949, em Mexilhoeira Grande (Algarve).
Formou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa. É Professor Associado da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em 1989 com uma tese sobre Literatura Medieval. Tem publicado estudos sobre teoria da literatura e literatura portuguesa. Publicou antologias, como a da Poesia do Futurismo português, edições críticas como a dos Sonetos de Antero de Quental e tem uma colaboração regular em jornais e revistas com críticas de livros e crónicas.
Colaborou em acções de divulgação cultural, como as "Letras Francesas" (1989), com uma apresentação de autores franceses contemporâneos, e organizou a "Semana Europeia de Poesia" no âmbito de Lisboa Capital Europeia da Cultura (1994). Foi o comissário para a área da Literatura de "Portugal como país-tema da 49ª Feira do Livro de Frankfurt", em 1997.
É poeta e ficcionista. Publicou o primeiro livro de poesia em 1972. Recebeu os mais importantes prémios de poesia portugueses: P.E.N. Clube, em 1985, D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, em 1990 e da Associação Portuguesa de Escritores, em 1994, este último com o livro "Meditação sobre ruínas". Em 1999 teve o prémio Bordalo da Casa da Imprensa com o romance «Por todos os séculos». Em 2001 recebeu o Prémio da Crítica, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários. Em 2002 teve o prémio Ana Hatherly pelo livro «O estado dos campos».
Está representado em numerosas antologias, tendo participado nos mais importantes festivais de poesia, como o de Roterdão e o de Medellin.
Dirigiu a revista "Tabacaria" da Casa Fernando Pessoa até ao número 8, publicado em 1999.
Foi nomeado em 1997 Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e Director do Instituto Camões, em Paris, cargos que exerceu até Fevereiro de 2004. É um dos responsáveis pelos Seminários colectivos de tradução de poesia, que se realizam duas vezes por ano no Palácio de Mateus, no Norte de Portugal, e membro permanente do júri do Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus.
É autor de uma peça de teatro, «Flores de estufa», representada no Porto e em Lisboa, tendo traduzido as peças «Sertório» (representada pelo Teatro da Cornucópia com encenação de Luís Miguel Cintra), «A Ilusão Cómica»,(representada no Teatro nacional S. João com encenação de Nuno Carinhas) e «O Cerco» de Armand Gatti (representado no festival de teatro de Almada com encenação de Michel Simonot).

Bibliografia do Autor:

Poesia:
1972 - A Noção de Poema, Publicações Dom Quixote, Lisboa.
O Pavão Sonoro, «in «Novembro».
1973 - Crítica Doméstica dos Paralelepípedos, Publicações Dom Quixote, Lisboa.
1974 - As Inumeráveis Águas, Assírio & Alvim, Lisboa.
1975 - O Mecanismo Romântico da Fragmentação (Prémio Pablo Neruda), Inova, Porto.
1976 - Nos Braços da Exígua Luz, Arcádia, Lisboa.
1978 - O Corte na Ênfase, Inova, Porto.
1981 - O Voo de Igitur num Copo de Dados, & etc., Lisboa.
1982 - A Partilha Dos Mitos, A regra do Jogo, Lisboa.
1985 - Lira de Líquen (Prémio de Poesia do Pen Clube), Rolim, Lisboa.
1988 - A Condescendência do Ser, Quetzal, Lisboa.
1989 - Enumeração de Sombras, Quetzal, Lisboa.
1990 - As Regras da Perspectiva (Prémio D. Dinis da Fundação casa de Mateus),Quetzal, Lisboa.
1991 - Uma Sequência de Outubro, Comissariado para a Europália, Lisboa.
Obra Poética (1972-1985) , Quetzal, Lisboa.
1992 - Um Canto na Espessura do Tempo, Quetzal, Lisboa.
1995 - Meditação sobre Ruínas, (Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores), Quetzal, Lisboa.
1996 - O Movimento do Mundo, Quetzal, Lisboa.
Poemas em Voz Alta (com CD/poemas ditos por Natália Luiza), Presença/Casa Fernando Pessoa, Lisboa.
1997 - A Fonte da Vida, Quetzal, Lisboa.
1998 – Raptos, Quetzal/Casa Fernando Pessoa, Lisboa.
1999 – Teoria Geral do Sentimento, Quetzal, Lisboa.
2001 – Poesia Reunida (1997-2000), Dom Quixote, Lisboa.
2002 – Pedro lembrando Inês, Dom Quixote, Lisboa
Cartografia de Emoções, Dom Quixote, Lisboa
2003 – O Estado dos Campos, Dom Quixote, Lisboa.


Ficção:
1977 - Última Palavra: «sim», & etc., Lisboa.
1981 – Plâncton, Contexto, Lisboa.
1982 - A Manta Religiosa, Contexto, Lisboa.
1984 - O Tesouro da Rainha de Sabá, Conto Pós-Moderno, Rolim, Lisboa.
1984 – Adágio, Quetzal, Lisboa.
1994 - A Roseira de Espinho, Quetzal, Lisboa.
1997 - A Mulher Escarlate, Brevíssima, Contexto-Civilização.
1998 - Vésperas de Sombra, Quetzal, Lisboa.
1999 – Por Todos os Séculos, Quetzal, Lisboa.
2000 – A Árvore dos Milagres, Quetzal, Lisboa.
2003 – A Ideia do Amor e Outros contos, Publ. Dom Quixote, Lisboa.
2004 – O anjo da tempestade, Publ. Dom Quixote, Lisboa.

Ensaio:
1986 - A Era de «Orpheu», Teorema, Lisboa.
1991 - O Espaço do Conto no Texto Medieval, Vega, Lisboa..
1992 - O Processo Poético, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa.
Portugal, Língua e Cultura, Comissariado para a Exposição de Sevilha.
1993 - Voyage dans un Siècle de Littérature Portugaise, L’Escampette, Bordéus.
1997 - Viagem por um século de literatura portuguesa, Relógio d'Água, Lisboa.
1998 - As Máscaras do Poema, Árion, Lisboa.
2003 – B.I. do Capuchinho Vermelho, Apenas Livros, Lisboa.

Teatro:
1979 - Antero - Vila do Conde, & etc, Lisboa.
1993 - Flores de Estufa, Quetzal, Lisboa.

Edições críticas e antologias:
1977 – Novela Despropositada de Frei Simão António de Santa Catarina, o Torto de Belém, Assírio & Alvim.
1981 - Poesia de Guerra Junqueiro, col. Textos Literários, Ed. Comunicação,
1992 – Sonetos de Antero de Quental, Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
1993 - Poesia Futurista Portuguesa (Faro 1916-1917) , 2ª ed., Vega (1ª ed. em A Regra do Jogo).
1998 – Cancioneiro de D. Dinis, Teorema.

Traduções:
Corbeille, Sertório, ed. Colibri.
Corneille, A Ilusão Cómica, ed. Teatro Nacional S. João.
Emily Dickinson, Poemas e Cartas, ed. Colibri, 2000.
Jorge de Montemor, Diana, Teorema, 2001.

OBRA TRADUZIDA:

VENEZUELA
Antología poética, Ediciones Angria, 1996, Caracas (Trad. de Eduardo Estévez com Neni Tábora).

ESPANHA:
Un canto en la espesura del tiempo, Calambur, Madrid, 1995 (trad. José Luís Puerto).
Antologia, Collección Visor de Poesia, Visor Libros, Madrid, 2003 (trad. Vicente Araguas).

MÉXICO
Teoría general del sentimiento, Trilce ediciones, México, 2001 (trad. Blanca Luz Pulido).

FRANÇA
Ensaio
Voyage dans un Siècle de Littérature Portugaise, L’Escampette, Bordéus, 1993 (trad. Marie Hélène Piwnik).
Poesia
Enumération d'ombres, Editions de Royaumont, 1990 (trad. Michel Chandeigne).
Les Degrés du Regard, L’Escampette, Bordeaux, 1993 (trad. Michel Chandeigne).
Un chant dans l'épaisseur du Temps, suivi de Méditation sur des Ruines, Poésie/Gallimard, Paris, 1996 (trad. Michel Chandeigne).
Lignes d’eau, Fata Morgana, 2000 (trad. Jean-Pierre Léger).
Pedro, évoquant Inès, Fata Morgana, 2003 (trad. Marie-Claire Vromans).
Romance
Traces d’ombre, Metailié, Paris, 2000 (trad. Geneviève Leibrich).

BÉLGICA
La Condescendance de l'être, Le Taillis Pré, Bruxelles, 1997 (trad. Michel Chandeigne).
Le Mouvement du Monde, Le Taillis Pré, Bruxelles, 2000 (trad. Michel Chandeigne).

SUÉCIA
Källskrit, Aura latina, Malmö, 1998 (trad. Lasse Söderberg).

DINAMARCA
Vandlinier, Brøndum, 1998 (trad. Merete Nissen e Per Aage Brandt).

HOLANDA
Recept om blauw te maken, Wagner Van Santen, 1998 (trad. August Willemsen).

VIETNAM
Tuyen tâp tho, trad. Diêm Châu, ed. Trh Bây, 1999.

ITÁLIA
Ficção :
Adagio, Ed. Sestante, 1994 (trad. Fábio Pusterla).
Poesia:
La poesia corrompe le dita, Colpo di fulmine Edizioni, Verona, 1991 (trad. Adelina Aletti).

BULGÁRIA
ΛИРИКА, ed. Karina M., Sófia, 1999 (trad. Giorgi Mitzkov).

ISRAEL
Meditação sobre ruínas, ed. Carmel, Telavive (trad. Aaron Amir).

REPÚBLICA CHECA
Ŝarlatova Žena, Argo, Praga, 1999 (trad. Pavla Lidmilová).

VáVà.Diando com Dacosta



Fernando Dacosta


e as “Máscaras de Salazar”


Conheci Fernando Dacosta não me lembro já quando. Ambos andámos pelo “Diário de Lisboa", numa época de boas e más recordações. As boas são as que agora interessam, o jornal era um farol de resistência num período de cinzentismo e opressão, ali se tentava escrever aspirando à Liberdade. Ele era jornalista encartado, eu crítico de cinema (ao lado de uma super equipa de críticos de que faziam parte também Mário Castrim, na Televisão, Carlos Porto, no Teatro, Mário Vieira de Carvalho, na Música, por exemplo). Depois coabitámos na Pró-Jornal, ele jornalista em “O Jornal”, eu crítico numa boa época do “Sete”. Um dia, João Soares convidou-nos para, ao lado de outros nomes, integrarmos ambos um Júri para avaliarmos umas duas dezenas de peças de teatro, encenadas por grupos de amadores na região de Lisboa. Excelente iniciativa, noites sucessivas de demanda de teatros, teatrinhos e casas pessoais, onde com amor e por vezes muito talento de fazia teatro. Foi nessas noites de deambulação por bairros de Lisboa que a amizade se estreitou, para se cimentar, mais e mais, há semanas, durante o “Famafest 2007”, de que Fernando Dacosta aceitou fazer parte como presidente do Júri Internacional.
Mas também nos últimos tempos ele tinha sido minha companhia diária, enquanto dele lia “Máscaras de Salazar”, um magnifico trabalho literário, difícil de catalogar num género pré-definido, pois tanto é biografia de Salazar (para o que convoca dados novos e interpretações complexas, afastadas dos maniqueísmos redutores habituais), como auto biografia, sendo sobretudo um retrato panorâmico de uma época de que muito se fala, sem todavia se ter dela conhecimento certo e vivencial. Dacosta mostra que viveu os tempos, conviveu com as personagens, e não se fica pela radiografia facilitista, tirado do lado esquerdo ou do lado direito do enquadramento. Se a imparcialidade não é deste mundo, a sua procura é-o. Dacosta fala de décadas de opressão, de ditadura paternalista, de provincianismo misantropo, de apagada e vil tristeza, de censura e perseguição, mas não deixa de iluminar também alguns aspectos que muitos querem esquecidos. A História só se faz depois de ultrapassados preconceitos. Os fantasmas só se enterram depois de, por alguma forma, terem sido psicanalizados, isto é, assumidos e apagados da memória colectiva enquanto tal: fantasmas, ou seja mitos. Se muitos mais já tivessem realmente “compreendido” Salazar ele não teria sido seguramente o mais votado dos “portugueses maiores”. Lá teria o seu lugar num cantinho da História, dedicado àqueles que, por virtudes que tenham, as defendem com vícios indesculpáveis. Para quem ama a Liberdade e por ela se bateu, a entronização de quem não soube nunca viver com ela é um facto preocupante. Mas mais preocupante ainda é ver uma esquerda histérica a dar mais votos a quem quer ver reduzido ao seu verdadeiro lugar na História, de cada vez que fala ou espuma pela boca.

Dito isto sobre “Máscaras de Salazar”, seu último trabalho e o de maior sucesso de público e de crítica, deve acrescentar-se que Fernando Dacosta não é autor de uma única obra.
Romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, Fernando Dacosta nasceu em Luanda a 12 de Dezembro de 1945 de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar o liceu na cidade de Lamego fixa-se em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e na literatura. Foi director dos “Cadernos de Reportagem” e co-editor da “Relógio d´Água”.
A sua primeira peça de teatro, "Um Jipe em Segunda Mão ”, sobre a guerra colonial, vale-lhe o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o Prémio Casa da Imprensa. “A Súplica ” (monólogo de uma mulher em ruptura com a realidade pós 25 de Abril), “Sequestraram o Senhor Presidente” (obra localizada no período revolucionário), “A Nave Adormecida ” (oratória do Portugal colonialista) e “A Frigideira” (inédito), são outros dos seus trabalhos dramatúrgicos.
“Os Retornados Estão a Mudar Portugal”, narrativa da integração dos portugueses regressados de África, obtém o “Prémio Clube Português de Imprensa”. “Moçambique, todo o sofrimento do mundo ”, vence os prémios “Gazeta” e “Fernando Pessoa” de 1991. “O Despertar dos Idosos ” recebe o prémio “Gazeta” de 1994.
Com “O Viúvo”, metáfora sobre a perda do império, conquista o Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores. “Os Infieis”, parábola à volta dos que ousam trair o estabelecido, como os navegadores de quinhentos, e "Máscaras de Salazar", crónica memoralista, são, respectivamente, os seus últimos romances e narrativa.
Apresentou durante 1991 e 1992 uma rubrica sobre livros na RTP-1. Integrou os júris dos principais prémios literários portugueses. Foi agraciado em 2005 pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

domingo, março 25, 2007

e na sombra que pode ser luz descanso...


enquanto,



politicamente incorrecto fumo o presente com a saudade do futuro.

domingo, março 11, 2007


Para um Lauro cinéfilo e para um Intruso "ganhador"...





um abraço. e porque o sonho é Criador deixo-Vos assim:





"nada como a memória de um mar. em brasa"

quinta-feira, março 01, 2007

TERTÚLIA, DIA 28 DE MARÇO: FERNANDO DACOSTA

FERNANDO DACOSTA

Fernando Dacosta
(Biografia)

Romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, Fernando Dacosta nasceu em Luanda a 12 de Dezembro de 1945 de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar o liceu na cidade de Lamego fixa-se em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e na literatura. Foi director dos “Cadernos de Reportagem” e co-editor da “Relógio d´Água”.
A sua primeira peça de teatro, "Um Jipe em Segunda Mão ”, sobre a guerra colonial, vale-lhe o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o Prémio Casa da Imprensa. “A Súplica ” (monólogo de uma mulher em ruptura com a realidade pós 25 de Abril), “Sequestraram o Senhor Presidente” (obra localizada no período revolucionário), “A Nave Adormecida ” (oratória do Portugal colonialista) e “A Frigideira” (inédito), são outros dos seus trabalhos dramatúrgicos.
“Os Retornados Estão a Mudar Portugal”, narrativa da integração dos portugueses regressados de África, obtém o “Prémio Clube Português de Imprensa”. “Moçambique, todo o sofrimento do mundo ”, vence os prémios “Gazeta” e “Fernando Pessoa” de 1991. “O despertar dos Idosos ” recebe o prémio “Gazeta” de 1994.
Com “O Viúvo”, metáfora sobre a perda do império, conquista o Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores. “Os Infieis”, parábola à volta dos que ousam trair o estabelecido, como os navegadores de quinhentos, e "Máscaras de Salazar", crónica memoralista, são, respectivamente, os seus últimos romances e narrativa.
Apresentou durante 1991 e 1992 uma rubrica sobre livros na RTP-1. Integrou os júris dos principais prémios literários portugueses.
Foi agraciado em 2005 pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

Bibliografia:
Romance:

“O Viúvo”, edições Dom Quixote, Círculo de Leitores, 1986, Editorial Notícias 1996, Planeta Agostini (edição de bolso) 2001 e Casa das Letras 2007 (sete edições) — Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores
“Os Infieis”, edições Dom Quixote 1992, Círculo de Leitores 1993 e Editorial Notícias 1998

Teatro:
“Um Jipe em Segunda Mão”, edição Ulmeiro, 1983 (esgotado) — Grande Prémio de Teatro RTP, Prémio da Associação da Associação Portuguesa de Críticos e Prémio Casa da Imprensa
“A Súplica”, edição Ulmeiro, 1983 (esgotado)
“Sequestraram o Senhor Presidente”, edição, Relógio D´Água, 1984 (esgotado)
“A Nave Adormecida”, Teatro Aberto, 1988

Narrativa:
"Máscaras de Salazar", Editorial Notícias 1998, Círculo de Leitores 1999 e Casa das Letras 2006 (18 edições)
“Nascido no Estado Novo”, Editorial Notícias 2001, Círculo de Leitores 2002, Casa das Letras 2007
“Mineiros”, Edições Audiovisuais, 2001
"A Escrita do Mar", Edições Audiovisuais, 1998
"Cartas de Amigo", Edições Audiovisuais, 1997
"O Príncipe dos Açores",Edições Audiovisuais, 1996
“A Clínica das Inovações”,edição Império, 1995
"O Despertar dos Idosos", edições "Público", 1994 - Prémio Gazeta
“Moçambique, todo o sofrimento do mundo”, edições “Público”, 1991 — Prémios Gazeta e Fernando Pessoa
“Os Retornados Estão a Mudar Portugal”, edição Relógio D´Água, 1984 (esgotado) — Prémio Clube Português de Imprensa,
“Paixão de Marrocos”, Edições Asa, 1992
“A Ilha da Sabedoria”, edições Éter, 1996

Conto:
“Onde o mar acaba” (antologia), Dom Quixote, 1991;
“Um olhar português” (antologia), Círculo de Leitores, 1992;
“Imaginários Portugueses ” (antologia), edições Fora do Texto, 1992

DEFINIÇÃO LITERÁRIA
A obra de Fernando Dacosta enquadra-se, reformulando-a sob novas perspectivas, na corrente preservadora da identidade portuguesa após o fim do colonialismo e a entrada na Comunidade Europeia.
A sua escrita tem, simultaneamente, reflexos barrocos e clássicos, surrealistas e românticos, anarquistas e poéticos. Testemunha de rupturas e transformações profundas do País (ditadura-revolução-democracia-globalização) o autor preocupou-se desde cedo em fixar e transmitir, através do jornalismo, do teatro, do romance e da narrativa, a memória do seu tempo. “Sem memória não há pensamento, sem pensamento não há ideias e sem ideias não há futuro”, afirma.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

10. SOBRE TERTÚLIAS

No seu livro “Máscaras de Salazar”, Fernando Dacosta, recordando a vida dos cafés lisboetas durante a época do Estado Novo, conta:
“A ronda dos cafés tornara-se-nos um circuito de aconchego, de revitalização. Montecarlo, Monumental, Grã-fina, Vá-Vá, Mourisca, Smart, Paraíso, Pilar, Coimbra, Paulistana, Alsaciana, Cister, Tentadora, Veneza, Paladium, Nicola, Suíça, Garrett, Brasileira, eram rituais tertúlicos de encontros, de conhecimentos, de convívios, de afirmações, de oposições – prolongados, madrugada fora, pelo Estábulo, pelo Rei Mar, pelo Z, pelo Snob, pelo Botequim. “ (pág. 194).
Tertúlias era isso: um local de encontro onde se cruzavam caminhos e desejos. O Vá-Vá foi um deles, durante muitos anos, e, apesar das transformações, e muito por causa dos seus fiéis clientes, ainda continua a ser uma casa de aconchegos, de afectos, de amores e desamores, de amizades que se prolongam.
O que é a tertúlia senão isso mesmo: onde nos sentimos bem, onde cruzamos olhares com amigos, onde se fala noite fora, de tudo e de nada, mas onde se sonham todos os sonhos, sendo que o mais importante, para lá dos livros que se imaginam, dos quadros e das músicas que se criam, dos regimes que se derrubam, das corrupções e trapaças que se denunciam, dos filmes e das peças de teatro que se projectam, dos empregos e desempregos que se lastimam, do banco, da Tap, da loja, da roupa, da moda, da escola, sendo que para lá de tudo isso o mais importante é a amizade que se cultiva. Dentro e fora da tertúlia, mas onde a tertúlia desempenha um decisivo papel aglutinador.
Ora gostava de falar um pouco de amizade. O que é? Não se sabe descrever, mas sente-se. Por exemplo, o Raul Solnado. Sou amigo do Raul Solnado há mais de quarenta anos. Ele não o sabe, certamente. Mas comecei a ser amigo dele quando o via na revista e no Zip Zip. Era um dos meus heróis. Interessava-me por tudo que a ele dizia respeito. Não perdia uma peça ou um programa de televisão. Ficava feliz com os seus êxitos e triste se algo lhe corria mal. Eu era nessa altura um dos muitos milhares de amigos que ele tinha dispersos por Portugal e pelo mundo. Querer bem a alguém que nos paga com o prazer da sua companhia é amizade. Não tenham dúvidas de que fui amigo de John Kennedy, de Marilyn Monroe e da Princesa Diana. Sofri por eles. Hoje sou amigo do Paul Auster, da Paula Rego, do Woody Allen, e da equipa e do treinador do SCP. Eles podem não saber, mas interesso-me por tudo o que lhes possa acontecer, torço por eles, sofro por eles. Era assim também com o Raul Solnado. Eu sabia, ele não sabia.
Um dia apareci pelo Zip Zip, falámo-nos, eu fiquei mais amigo, ele conheceu o puto que se interessava por cinema e teatro. Anos depois, em 1966, um amigo comum, o Artur Ramos (que merda, os amigos irem desaparecendo, um a um!), convidou-me para ser assistente de uma encenação sua no Villaret. A peça chamava-se “Guerra do Espanador”, assinava-a Neil Simon, era divertidíssima, o Raul era o protagonista, ao lado de actores como Barroso Lopes, Isabel Ruth, Isabel de Castro, Francisco Nicholson, Luis Pinhão e Pedro Pinheiro. Quem nunca pisou um palco deserto, um palco em ensaios, um palco em representação, não pode saber o prazer que provoca. Estar ao lado do Raul, do Artur Ramos, de todos os outros, é algo que não se explica, sente-se e fica-se mais amigo. Depois foram anos de convívio entrecortado por ausências, mas a amizade tem isso de espantoso. As ausências não contam. A amizade é um sentimento que se mantém latente. Um dia recebe-se um telefonema, depois de meses sem se saber nada de alguém. Do lado de lá, esse alguém identifica-se: “Lauro, é o Raul, estou na Madeira, no Centro de Artes onde esteve, isto é muito bonito, são todos muitos simpáticos.” Se for um amigo, rejubilamos, aquecemos, gritamos lá para dentro: “Eduarda, era o Raul, está na Madeira feliz da vida!” Se não for um amigo, pensamos: “Que é que este chato quer?”.
O amigo mantém-se em banho-maria sem perder qualidades. Anos mais tarde, dirigi o Raul num conto de Natal para uma noite de 25 de Dezembro da RTP. Foi um duplo prazer, reencontrar o actor e o amigo. Julgo que é um dos grandes trabalhos do Raul. Um papel duplo de rico e pobre, a que empresta uma humanidade e uma emoção sem limites. Depois disso, foi membro de Júri de todos os meus festivais de cinema, em Seia, em Famalicão, em Portel, por onde vai passando vai estreitando mais amizades com quem já as tinha, e vai lançando as sementes de outras. Não é pessoa que ninguém esqueça facilmente. Por isso me lembrei dele para abrir estas Tertúlias do “Vá-Vá.Diando”.
“Vá-Vá.Diando” é nome de um blogue que escrevo a meias com a Isabel Mendes Ferreira. Surgiu a ideia depois de um reencontro nosso, aqui no Vá-Vá, onde nos havíamos conhecido há vinte anos, ou mais. Éramos mais jovens e bonitos. Continuamos bonitos. Sobretudo ela. Falamos de recordações, ela disse que nós íamos “vává.diando”, eu sugeri um blogue a quatro mãos. Continuávamos amigos. Vinte anos e muita vida depois.
Blogues e tertúlias de cafés têm muito em comum. São locais de conversa e de amizade. De cultivo diário. Ou mais espaçado. Por isso hoje aqui se reúnem amigos certos e prováveis amigos do café e dos blogues. Sim, porque blogues meramente virtuais podem ter graça, mas são muito redutores. Os blogues servem precisamente para isso: para dar o salto para o frente a frente, os olhos nos olhos, a amizade com olhar, cheiro, pele. Aqui estamos. Para a tertúlia dos cafés de sempre com os blogues do presente, para a amizade do futuro.
LA

RAUL SOLNADO HOJE, 22, ÀS 20 horas


RAUL SOLNADO
HOJE JANTAR NO VÁVÁ

Ser actor! Comunicar. Ser humorista! Criticar. Ser pessoa! Amar o próximo, mesmo quando dele se discorda, mesmo quando se critica. Raul Solnado é, possivelmente, o maior actor cómico português vivo. Sublinho o português. É ele quem melhor encarna, ainda hoje, nas suas composições, o que de melhor (e de pior) existe no português típico. O melhor, essa ternura do pobre diabo do desenrascanso crónico, esse amoroso cultivo da banalidade e da vitimização, esse olhar cândido do “arrebenta” que solta a imaginação, quando não pode soltar mais nada. O pior? O mesmo, sem a ternura, sem o amoroso, sem o olhar cândido.
Solnado descobriu o Malmequer lusitano. Cantou-o, imortalizou-o. Todos somos Malmequeres do seu canteiro. Ele é o Malmequer deste jardim à beira mar plantado. Quando se quiser saber o que somos, o que fomos, para onde vamos, basta colocar o disco a girar e recordar Solnado nas suas/nossas representações. Para o melhor e o pior somos aquelas figuras. Para o melhor, fica-nos a certeza de termos sido interpretados pelo génio de um grande actor, e, sobretudo, pela generosidade de um grande homem.
a foto (magnífica) é de Teresa Sá. Obrigado. É bom ter amigos (e amigas!)

terça-feira, fevereiro 20, 2007


YES....experiência.....entrei. de novo.


Não liguem....eu volto mais tarde.


BOM DIA LAURO vadio do vavadiando.


(isto não é um post...)

:)))))

sábado, fevereiro 03, 2007

1º JANTAR DA TERTÚLIA

clique na imagem para aumentar (e ler!)

RAUL SOLNADO

RAUL SOLNADO:


50 ANOS DE CARREIRA
Nasceu em Lisboa, em 1929. A sua carreira como actor começou no teatro amador, na Sociedade Guilherme Cossul, em 1947. Durante a década de 50 afirmou-se como actor profissional, vindo a confirmar a sua extraordinária popularidade no início da década de 60, com os seus inesquecíveis monólogos, que ainda hoje se mantêm bem vivos na memória do público. Em 1969, com Fialho Gouveia e Carlos Cruz consegue, com o programa “ZipZip”, um dos mais memoráveis êxitos de sempre em televisão. Também na televisão iria estar, em 1977, na génese de outro enorme êxito, “A Visita da Cornélia”.
No teatro, em operetas, comédias, musicais, óperas e revistas, a sua carreira estende-se ao longo de cinco décadas de sucessos, que fizeram dele uma das maiores vedetas populares do nosso panorama artístico. Será difícil esquecer títulos como “A Guerra do Espanador”, de Neil Simon, por exemplo, entre tantos e tantos outros que subiram à cena no Parque Mayer, no Monumental e principalmente durante os anos áureos em que dirigiu o Teatro Villaret.
Para além de Portugal, também no Brasil viu confirmada a sua popularidade, com vários programas de televisão.
No cinema, esteve ligado ao início do Cinema Novo, com a sua interpretação em “D. Roberto”, de José Ernesto de Sousa. Recorda-se a sua presença nalgumas comédias dos anos 50, entre elas “O Noivo das Caldas”, ou “O Tarzan do 5º Esquerdo”, mas foi sobretudo “A Balada da Praia dos Cães”, de José Fonseca e Costa, que veio confirmar o seu talento como actor dramático, tão longe do registo de comédia a que nos habituara. Comemora agora 50 anos de carreira. É uma das glórias do espectáculo em Portugal.

RAUL SOLNADO
Na revista, que vive do conjunto, da música, da cor dos cenários, Solnado é o grande solitário. Foi à frente da cortina, sozinho com o público, contando-lhe directamente as suas histórias, no seu jeito tímido, ou mesmo envergonhado, que atingiu momentos altos, conquistando uma popularidade invulgar.
Com 20 anos, Raul Solnado aparecia na popular sociedade Guilherme Cossoul, à Esperança, onde então começavam José Viana e Varela Silva. Em 1952, aventura-se a uns "sketchs" no "Maxime" e, um ano depois, tem um pequeno papel no Monumental. Depois, uma imitação de Cantinflas (De Bota Abaixo, 1955) já não passa despercebida. Quem o visse, apenas se despindo e vestindo, sem dizer uma palavra, obedecendo às ordens de Laura Alves, que freneticamente falava ao telefone, num quadro de comédia de "Melodias De Lisboa" (1955), facilmente percebia que estava ali um cómico de processos muito novos, de mímica notável.
Como figura secundária, vai-se lentamente afirmando, nunca deixando escapar as oportunidades, tirando o máximo partido de uma rábula como o Alfacinha de gema (Não Faças Ondas, 1956).
Duas épocas sucessivas no ABC são decisivas. Números de êxito, como o tímido Tarado (Vinho Novo, 1958), o Fadista reformado, caricatura fantasiada de Alfredo Marceneiro (Delírio de Lisboa, 1959) e o Primo Basílio (Quem sabe, sabe, 1960), impõem-no definitivamente. Com base na sua crescente popularidade, Solnado, de parceria com Humberto Madeira e Carlos Coelho, faz-se empresário, apresentando com sucesso a revista “A vida é bela” (1960). Porém, depois de uma opereta fraquinha, a empresa não prossegue. É no Maria Vitória, em Bate o Pé (1961), que Solnado aparece no primeiro dos tais monólogos à frente da cortina: A guerra de 1908. Esse texto, com um humor totalmente diferente da graça brejeira a que o público da revista estava habituado, jogando no "non-sens" em vez do "double-sens", tão bem se conjuga com a personalidade do intérprete que a plateia fica agarrada. a partir de então, Solnado é um dos "casos" de popularidade do teatro português, com todos os perigos e acomodamentos que traz inevitavelmente tal promoção. Os seus monólogos criam um estilo, e os ditos entram na gíria popular, graças ao disco e à rádio, que os transmite incessantemente. O autor da Guerra, o humorista e actor espanhol Gila, que fornecerá depois mais material a Solnado afirmou:"...quando o vi trabalhar e senti a sua enorme qualidade como humorista, dei-lhe todos os meus monólogos porque ele é o único que os pode fazer".
"Só mais dois monólogos aparecem em revistas: a “Ida ao médico” (Sol e Dó, 1962) e “É do inimigo” (Lisboa à noite, 1962). Nesta última retoma um número criado por Lurdes Norberto, que abandonara o elenco, fazendo de a Flausina fadista um travesti irresistível de graça, desenvoltura e observação das muitas fadistas com, "pedigree" que então abundavam.
Conquistado pela comédia, depois do êxito caloroso de “Vamos Contar Mentiras” (1963), que interpreta mais de um ano ao lado da jovem Florbela Queirós, Solnado inaugura, em 1964, o seu próprio teatro: o Villaret. Lá apresenta comédias populares, em que procura certa renovação, quer nos textos, quer nas encenações. O sucesso mais espectacular é “O Vison Voador” (1969), que rebenta com todos os recordes, durante quase dois anos. Por essa época, consegue manter muitos meses o programa mais popular que a Televisão portuguesa até hoje conheceu: Zip-zip, onde os seus "sketchs" fazem "amarrar" o País inteiro ao televisor. Em 1977, procura repetir esse êxito televisivo com o concurso “A visita da Cornélia”.
Desde 1962, Solnado só apareceu em duas revistas: “Pois, pois...”(1967), onde criou o Pinguinhas, um bêbedo tímido, muito ao seu jeito e “P`rá frente Lisboa” (1972), com um bom monólogo, o Malmequer.
Dividindo-se pelo Brasil, onde se demora largas temporadas, permanecendo na comédia, onde, por vezes, repete perigosamente os seus processos, Raul Solnado continua a ser inexcedível na cena curta, no "sketch" de recorte revisteiro. Mesmo quando pretende atingir novas metas e grandes autores, seja Moliére (O Tartufo, 1972) ou Brecht (Schweyk na Segunda Guerra Mundial, 1975), o público que enche os teatros para o ver, seja qual for a peça anunciada, espera sempre, lá bem no fundo, rir com ele numa nova variação da Guerra de 1908.
Vítor Pavão dos Santos, in “Revista à Portuguesa”

RAUL SOLNADO - A GRANDE ARTE
O seu maior gosto na vida é ser actor, desde muito pequeno conheceu os teatros de Lisboa, seus espaços de desejo e fantasia, transfiguração imaginada. Humorista por vocação, garante que o humor é uma disciplina muito séria, e trabalha-o cientificamente através das palavras. E acredita serem bons os dias que lhe trazem uma ideia nova, uma palavra aprendida.
A emoção está no seu modo de ser, não se sente por ela humilhado, não tem vergonha dos olhos molhados de lágrimas perante a beleza e a tragédia do mundo. Tem o prazer do convívio, é o bom contador de histórias, o conversador que ouve, pergunta e aviva as respostas à sua volta. Mas poucos sabem o seu sentido de resguardo, a privacidade que preserva, os segredos e confidências que é capaz de guardar. Acha-se um bom aprendiz da vida, não impõe sabedorias nem conclusões definitivas, não considera a erudição prova absoluta, resposta certa para questões essenciais. Detesta a arrogância, tem a paixão pela verdade, não suporta a injustiça ou a intolerância, pratica silenciosamente a solidariedade.
Desliza, mais do que anda, talvez por ter passado cinquenta anos de vida a pisar o palco, entre cenários, luzes e sombras de bastidores. Parece desajeitado nas circunstâncias comuns, terá uma área grande de distracção nos modos, mas também pode ser de uma imensa precisão. Essa é a grande arte, na surpreendente história da sua vida.
Leonor Xavier, Novembro de 2002

O HOMEM
Só gosto de pessoas de quem se veja a alma que é uma coisa que uns escondem, envergonhados, e que muitos já emparedaram definitivamente. O vedetismo, com tudo o que implica de desprezo pelo semelhante e de hipervalorização do próprio ego, é imperdoável num artista. Em rigor, a arte é um instrumento de humanização da história e é muito difícil que, através duma pessoa desumanizada, o mundo se possa humanizar.
Eu sei que muito ser humano agressivo e ressentido, que despreza os outros e odeia o mundo, consegue algumas vezes dar à arte e à cultura alguma contribuição e muitos são tentados a desculpá-los por isso. Mas eu, nesta matéria, sou muito radical: a primeira coisa que se deve exigir dum ser humano é que saiba respeitar a condição humana e se alguém foi dotado pela natureza com dons especiais, maiores são as suas obrigações de saber viver com os outros. E, quando assim não acontece, a arte é essencialmente afectada: o primeiro dever dum artista é fazer uma obra de arte da sua própria vida. Ora o Raul Solnado é daqueles raros que andam pela vida com a alma de fora, à vista de toda a gente. Por isso, antes de ser um grande artista é uma extraordinária pessoa humana.
Todos os que o conhecem podem contar histórias sobre o tamanho do seu coração mas a grande prova do Raul Solnado, aquilo em que ele é exímio e exemplar, é na prova da amizade. O Raul tem muitos amigos e amigos de há muitos anos: a amizade, para ele exprime-se numa solidariedade profunda, numa atenção constante às boas e às más horas do amigo. Diria que ele sabe estar presente e partilhar com um amigo as horas difíceis com a mesma facilidade com que sabe partilhar a sua alegria. A partir daqui, compreende-se que seja um grande artista: um acto de criação que contém subjacente uma relação afectuosa com as pessoas, é evidente que fica ampliado por esse calor essencial.
Os seus dotes de actor poderiam levar alguns a pensar que ele é artista pela graça de Deus mas não é assim. O Raul põe no palco, para lá dos seus dons naturais, a sua inteligência, a sua sensibilidade e o seu trabalho. Ele não é um improvisador: cada peça impõe-lhe uma preparação rigorosa, é um exercício de atenção e entrega quase obsessivos que revelam a grande consideração que tem pela sua arte, pelo seu público e, evidentemente, por si próprio. Se é verdade que uma sociedade precisa de artistas pode dizer-se com maioria de razão que mais precisa ainda de pessoas que tenham com os outros e com a vida uma relação que venha dos sentimentos e não da frieza calculista da razão. Portugal, felizmente, tem tido, com alguma frequência, artistas que são, simultaneamente, homens de arte e de coração. Acho que podemos felicitar-nos por isso pois estou convencido de que o futuro depende muito mais da descoberta dos mecanismos de afecto do que da descoberta dos enigmas da ciência. E por isso se pode dizer que o Raul Solnado é um homem que já está no futuro.
António Alçada Baptista, in Revista “Palco”, no 1

O ACTOR
Actores há que, dispondo dum grande poder de empatia, podem ser designados pela expressão actores-comunicantes. Essa dupla capacidade de comunicar com o público e de o conquistar através dessa energia empática, explica a imediata reacção dos espectadores à sua presença em palco, independentemente do que dizem ou fazem.
O actor que se limita a comunicar e/ou utilizar o seu poder empático, arrisca- se a um trabalho em palco insatisfatório mesmo que vedetístico. É que para esse actor e para o público que o consome, a forma e o conteúdo do seu discurso são desprezíveis e desprezados; a relação imediata, meramente epidérmica, entre um e outro, é o investimento suficiente para tornar o teatro numa realidade, independentemente das mensagens comunicadas. Com a agravante de fazer passar mais facilmente o que é mais acessível, mais imediato, mais simplista e óbvio. O trabalho desses actores situa-se geralmente na fronteira do interpretatitvo, raramente atinge a forma do expressivo e sobretudo não toca a zona do expressivo, essa sim, essencial, mesmo que haja actores que com excessiva humildade recusem ao seu trabalho o acesso a essa zona. Seria duma grande injustiça e inteiramente incorrecto situar Raul Solnado nesses limites do comunicante e do empático. Basta verificarmos as suas preocupações no que se refere à escolha do material que representa para sermos alertados para o facto do seu trabalho se situar em zonas mais ricas do que as assinaladas. Mesmo que muitos dos espectáculos em que Raul Solnado interveio não tenham ficado na história da dramaturgia ou do teatro, parece indiscutível que geralmente ele procura áreas de actuação mais fortes, mais responsáveis, mais intensas do que geralmente se verifica nessa área. Se essas preocupações são visíveis em toda a sua actividade, não só no teatro como no cinema e na televisão, a níveis quantitativos muito diversos e com as diferenças que os distinguem, surgem mais claramente definidas em obras que se situam em parâmetros mais ambiciosos que representaram afirmações de expressividade e até de criatividade de grande importância. Isto apesar do actor só por vezes ter beneficiado de um trabalho de direcção que explorasse adequadamente os seus recursos.
Se Raul Solnado é visto, e aplaudido, principalmente como actor cómico, não nos devemos prender por essa marca óbvia: frequentes vezes, como a sua teatrografia, filmografia e mesmo alguns dos seus trabalhos na televisão, têm demonstrado, o actor ultrapassou esse limite e tornou o seu poder de comunicação e a sua empatia numa enorme capacidade de expressão, de realização das suas personagens, ou seja, de criação. Lembremos que Raul Solnado interpretou obras de autores como Neil Simon, Peter Shaffer, Murray Schisgall, Gogol, Moliére, Félicien Marceau, Brecht, Paulo Pontes, entre outros.
Actor que goza de grande popularidade, como é óbvio, Raul Solnado não só merece essa popularidade, como é actor para além dela. Um grande actor.
Carlos Porto, in Revista “Palco”, no 1

FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES
Porquê a homenagem a Raul Solnado nesta primeira edição do R!R? Porque é um humorista e um grande humorista, sem dúvida. Porque foi um verdadeiro pioneiro numa forma de humor que na época não tinha igual. Porque nos rimos com um riso genuíno e todo novo quando o ouvimos contar a sua “ida à guerra” ou a “história da minha vida”. Porque não havia ninguém, fosse qual fosse o extracto etário ou social que não repetisse o inesquecível “Podi’óóóóó chamá-lo?” Porque ainda hoje, tantos anos e tanto humor passados, continuamos a dizer que lá em casa eram ricos, “tinham sopa, gravatas e tudo”. Porque nunca ninguém foi capaz de plantar num palco, sem qualquer cenário, uma frágil figura e ficar ali, calado e imóvel, naquele jeito de menino envergonhado, como um malmequer e, só por isso, arrancar intermináveis gargalhadas ao público. Porque é um actor de mil rostos e infinito talento. Porque foi amado pelo público português e tem sabido manter esse amor. Mas talvez – e acima de tudo – porque foi o homem que nos ensinou a dizer “Façam o favor de ser felizes!”
Maria Eduarda Colares, in programa do Festival RIR, Dezembro de 2002

NA MEMÓRIA DAS IMAGENS
Houve um pouco de sol e nasceu o “Zip-Zip”. Aos mais novos, convém explicar quem era o “Zip-Zip”: trata-se do programa de televisão mais visto em Portugal.
Não usava coleira e não andava à trela. Tinha sabor à liberdade por nele haver o melhor sabor da vida. Chegava ele e era já como haver dia.
Quem tem memória, e quando lhe falam do “Zip-Zip”, vê um sorriso de sabedoria travestido de ingenuidade. Vê a palavra simples carregada de expressão. Vê o gesto sem espalhafato, vindo directamente da alma. Há o palco, os “baladeiros”, o público reunido pela primeira vez para assistir a um exercício de liberdade.
Mas, quem tem na memória, vê, pairando sobre o espectáculo e sobre o país, o rosto de Raul Solnado. Raul Solnado anuncia uma nova maneira de estar na televisão e na vida. Conversa, não discursa, Está em nossa casa, não no estúdio. É um homem, não uma imagem. A sua voz vem do coração e não de um texto. Estranha sensação essa, de encontrar na televisão uma voz humana...
Era em 1969. Um pouco de sol e nasce o “Zip-Zip”, temperado, ele também, na luta contra a censura que vigorava na RTP. Com uma tamanha força que, dois anos depois, nas sondagens públicas ainda o programa era mencionado- apesar de já não existir... Uma força popular que se chamava Raul Solnado. Ele entrevistava,
sem agredir. Queria saber, sem devassar. Estou a vê-lo, a vê-lo com estes olhos de hoje, a castigar a soberba, a vacuidade, a usura. Estou a vê-lo, orgulhoso, como se ostentasse um brasão, entre os operários, os pastores, a arraia-miúda raiz da sua pátria. Lá vai ele, um sorriso grande como o equador, entre os músicos da Filarmónica de não Sei Onde. Pela primeira vez, pela mão de Solnado, o povo ia à televisão...
Raul, Raul, anda cá abaixo outra vez!
Mário Castrim _Lisboa, Dezembro de 1990, in “A Vida não se Perdeu”, Leonor Xavier, Lisboa, 1991, Difusão Cultural

A RAUL SOLNADO, EN LA LEJANIA
Conocí a Raul Solnado en Lisboa allá por el año 71 o 72. No recuerdo bien. Un montaje mío de Tartufo de Moliére - en versión de Enrique Llovet - había producido mucho ruido y no poco escándalo en Madrid. Corrían malos vientos políticos para nuestros países y las sociedades española e portuguesa de entonces vivían enfangadas con frecuencia en la corrupción y la hipocresía. Tartufo - modestamente, porque el teatro nunca ha levantado revoluciones - representaba una denuncia necesaria. Un empresario português ya fallecido - Vasco Morgado - me propuso dirigir la obra en Portugal. De este modo conocí, como ya he dicho, a Raul. Fue un tiempo maravilloso. Raul Solnado y yo nos hicimos amigos inmediatamente.
Me encantó su ironía, su burla, su sarcasmo, su modo de interpretar “de lejos” como mirandose y como sonriendo en esta mirada. No me gustan los actores a los que se les nota el esfuerzo de su oficio. (El Arte no es otra cosa que un modo fantásico de sublimar la facilidad). Raul es un intérprete que “juega” y que no tiene el menor inconveniente en enseñar su juego. El sabe que los especadores no quieren ver sobre la escena sólo a los personajes, sino, al mismo tiempo, a los actores que están detrás de ellos. Raul Solnado comprendió enseguida que yo no le pedia ser Tartufo porque me parecia mucho más divertido que fuese Solnado siendo Tartufo. (Si los actores fueran sólo los personajes, nuestra profesión estaría demasiado cerca de la brujeria). Raul Solnado es un gran actor que tiene la enorme inteligencia de pasar su talento por el delicado filtro del humor.
He de volver algún día a Lisboa para tomarme con Raul un buen vino de Oporto.
Asi recordaremos juntos aquellos dias y aquellos mares.
Adolfo Marsillach _ Madrid, 23 de Octubre de 1990, in “A Vida não se Perdeu”, Leonor Xavier, Lisboa, 1991, Difusão Cultural

RAUL
Raul Solnado é porventura o mais bem-amado dos actores portugueses: pelo seu enorme poder de comunicação, pela alegria positiva que irradia e por ser, de entre nós, um daqueles raros seres capazes de reunir o que de melhor tem o Português, perdão, o Lisboeta, deitando fora muito do que de pior lhe vai na alma.
Isto, e ainda o seu ar permanente de menino franzino e traquina, constantemente à espera duma festinha dos mais crescidos, levou muita gente a pensar que o Raul seria sempre e só - no palco, no ecrã, ou na TV - o Solnado que nos faz rir com as suas graças, ou mesmo até sem elas, bastando-lhe aparecer e esboçar um trejeito como se estivesse sempre seguro de si.
Tudo isto o condenava a ser só o actor que faz rir. Até que chegou o momento de me lembrar de transpor para o cinema a Balada da Praia dos Cães.
Sempre pensei, do Raul, que por detrás de tanta e tão aparente desenvoltura se escondia uma imensa timidez e o pudor dos que trazem dentro de si aquilo a que Unamuno chamava “o sentimento trágico da existência”. O Raul é, e não ostenta, um homem de grande cultura, ou seja, o contrário absoluto do típico intelectual de serviço que se perde em citações mas que, depois de tudo espremido, nada diz. O Raul esconde-se por detrás daquilo que de si mesmo aparenta. O Raul tem muito para dar, como todos os comediantes verdadeiramente grandes. Quando li pela primeira vez a “Balada da Praia dos Cães” e o vi na pele do agente Elias Santana, desafiei o Raul para fazer o papel.
É claro que ele já tinha lido o livro. A sua surpresa quando o convidei para protagonista, e narrador, daquela história foi tal que durante uns segundos “ouvi” o silêncio do outro lado do invisível fio do telefone. E logo a seguir um redondo “não”.
Insisti. Que não. Voltei a insistir. Quando me telefonou a dizer que gostava de tentar, era um homem cheio de dúvidas, o contrário daquilo que “parece” o Raul Solnado.
José Fonseca e Costa _Lisboa, Agosto de 1991, in “A Vida não se Perdeu”, Leonor Xavier, Lisboa, 1991, Difusão Cultural

RAUL SOLNADO. O HOMEM E O ACTOR. PHOTOMATON & VOX
Não discutíamos a concepção de Pitágoras sobre a harmonia das esferas armilares. Não falávamos da perversidade política, nem das dissenções da moral, nem da física quântica. Levemente, falávamos de mulheres. A tarde estava amena, e as coisas pareciam-nos eternas. Por acaso, comíamos ensopado de borrego. Por acaso estávamos num restaurante quase deserto. Os dias embatentes de calor haviam passado. O vinho escorria como um feltro aveludado. As horas iam indo. Falávamos de mulheres; isso mesmo. e discorríamos acerca de encontros breves que ficaram memoráveis, e de situações perduráveis que, incorrigivelmente, foram removidas, pela própria memória.
Lisboeta militantemente ortodoxo, um dia perguntaram-lhe:
- De onde é que você é?
E ele:
- De Lisboa.
- Mas de que sítio?
E ele abriu os braços como se explicasse o mundo:
- De toda.
Mesmo nos mais difíceis momentos da vida deste homem sempre no coração dele existiu uma ração de afecto para distribuir e um riso às escâncaras para oferecer. Um coração assim, do tamanho da Península Ibérica, tinha de dar um estalo. Um dia, deu. “Andei a vida inteira a embalar este enfarte”- disse. Disse e sorriu. Agora, está com 73 anos. E as mil e uma noites de Raul Solnado são aquelas em que tem pisado os palcos. Mil, sempre. E mais uma de todas as vezes que lá volta. Há tempo, andavam os gritos dos viva na boca de toda a gente, perguntei-lhe se ele era homem de Esquerda. Respondeu assim: - Da Esquerda macia, da Esquerda afectuosa. Sou da Esquerda porque estou sempre do lado daqueles que têm fome.
É um pequeno homem de grande formato. Minucioso profissionalmente, é, por paradoxal que pareça, um improvisador do absurdo. Imagem devolvida de si mesmo, figurino de si próprio, reclama-se de uma condição de bairro, a Madragoa, e de uma colectividade que cunhou cidadãos, que formou duas ou três gerações de indivíduos conscientes e que foi um alfobre de gente de Teatro, a Guilherme Cossoul, dita a Guilhas. Há pobres a pedir, há pobres de espírito, há pobres de saber - e há pobres de estrutura. A esses, Raul Solnado não perdoa. A complacência tem limites impostos pela pessoal condição de cada um. Diz: - São igrejas que não merecem nenhuma missa.
Frequentemente, a sua conversa está polvilhada de metáforas e de analogias - espécie de recados que só o Lisboeta sabe dar. Ou de códigos. Porém decifráveis e entendíveis. Uma dele: “A gente deve beber o copo, não deve deixar que o copo nos beba.” Leitor vigilante de bons livros, faz reverência ao talento e festas de júbilo com a inteligência dos outros. Não conhecia José Saramago de parte nenhuma. A não ser de nome. Leu “Memorial do Convento” e logo-logo remeteu uma carta exclamativa ao romancista. Ficaram amigos. Ainda há dias Saramago me revelou:
-Conversar, por pouco que seja, com Raul Solnado é participar numa alegria de convívio para a qual todos estão convidados. Depois, é um homem extremamente vivo e com uma espantosa agilidade mental.
Filho de um vassoureiro da Madragoa ficou-lhe esse jeito asseado de estar connosco e de viver com os outros. Sou testemunha: Raul Solnado deixou de ganhar muito mais dinheiro do que aquele que tem ganho. Exactamente porque nunca quis comprometer a sua pessoal liberdade. Exactamente porque ser do público, pertencer ao público - é, sobretudo, defender e preservar a sua individualidade.
- Já viajei por países de todos os sistemas: capitalistas, capitalismo selvagem, terceiro-mundo, social-democracia, comunista, fascista, assim-assim, mas sempre com um bairro na alma: a Madragoa; uma cidade no coração: Lisboa; e um país em mim todo: Portugal. Continuo a ser um miúdo do bairro pobre.
Até aos 40 anos, um homem tem a cara com que nasceu. Depois dos 40 tem a cara que merece. A cara que construiu, nas derrotas e nas vitórias, nos entendimentos e nas desavenças. As rugas mais não são do que mapas-mundos de cada aventura individual. Há homens sem rugas na cara e cheios de rugas no coração. Quer-se dizer: não existem; são cadáveres de excelente saúde. O Raul foi soldado de muitas guerras. E as guerras estão aí, todos os dias, a cada instante em que pulsa o destino. Não só as guerras do telefone. Aquelas guerras que decorrem em silêncio, no silêncio agressivo da nossa própria lembrança. Que é um silêncio repleto de tormentos, de dúvidas e de surpresas inquietantes.- A vida é cada vez melhor quando se torna cada vez mais difícil.
Nunca fez as pautas das suas escolhas pelos sinais da posse. Teve uma quinta e deixou de a ter; foi sócio de um hotel e deixou de o ser. Sonhou construir um teatro e construi-o: o Villaret. Empenhou-se até ao osso - foi em frente. Ele não acredita nos tropeços. Acredita, isso sim, no olhar nos olhos; e, também, em que a amizade é um posto; e também, em que um amigo nunca trai um amigo. E em outros valores, porventura desusados e em estado de hibernação nesta época aquisitiva e recenseadora: solidariedade, lealdade, clareza, fraqueza, sinceridade.
- Mas um homem sem inimigos é porque se tornou num campeão da convivência. Num yes-man. Numa criatura que diz sim, sim, sim, a tudo e a nada. Burguês contra a moral e a hipocrisia burguesas, amante que se transforma frequentemente na coisa amada, humorista à la Keystone Cops que nunca desfalcou a vida do conteúdo de seriedade nem se apropriou do riso de outrém para a sua própria glória e vantagem - Raul Solnado exercita a admiração sem perder a lucidez. E, quando critica os outros, não é uma crítica que critica, sim uma crítica que nasce da louvação e da coragem das suas particulares recusas.
A inteligência, quase sempre, predispõe ao amor. Creio bem que Raul Solnado prefere entregar-se aos prazeres de admirar do que ao desespero e à amargura da maldicência. “Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém” - diz um samba velho como o sonho. Raul Solnado saiu para o mundo vai em 73 anos. E, quando saiu do ventre materno, saiu também de dentro de si. Destinado a amar os outros. Através, na, e com a sua profissão: actor. Mil e uma noites sempre. Mil, há longos-longos anos. Uma e todas de cada vez que vai para o palco. Sempre para tornar os outros felizes.
Baptista Bastos , in Revista “Palco”, no 1

RETRATO EM 3X4 DE ALGUNS AMIGOS 6X9 - RAUL SOLNADO
Luar surgindo a leste no primeiro nome, sol no segundo, Raul tem vinte e quatro horas no onomástico. Nasceu num tempo em que tudo era ao vivo, mas, atento à tecnologia, fez-se logo carbono do ridículo, depois xerox do desprezível, afinal fax do presunçoso - e já tem para a holografia alguns truques humorísticos na manga. Lhe ensinaram que a vida é curta, por si mesmo percebeu que a vida é perto. E quando aprendeu que a vida é transmissível por via sexual, sentiu logo enorme sentido de culpa. Mas, com descendência em dois continentes, só nesse sentido condena a incontinência. Feminista, finge de machista na esperança de ser catequizado. Para ele homem e mulher continuam a ser círculos concêntricos num momento de tantos círculos excêntricos. E aceita que o homem pode ser o lobo do homem mas é, definitivamente o poodle-toy da mulher. Generoso nato, nasceu mignon como solução para o problema demográfico - se todos fossem assim cabia mais gente no mundo. Mas lembra que, com o mesmo material, Deus poderia fazer um homem bem melhor, aqui assim nos ombros. Nasceu em Lisboa e, sem sair de Lisboa, vive hoje em Lismelhor. Português desde sempre, aceita o fado, mas nem tanto o destino. E depois de tudo o que aconteceu em Portugal ficou tão anti-militarista que não topa nem conversas generalizadas. Prudente, quando entra em enrascada o primeiro que faz é perguntar onde fica a saída. Gosta de ser considerado impagável, mas nunca na bilheteira. Tem extraordinária expressão corporal, toda no espírito. Decidido, quando vê uma bifurcação imediatamente segue os dois caminhos. Mas nunca foi sem voltar, daí o segredo de estar sempre. Menino prodígio, aproveitou essa dádiva e reservou uns dias na infância para os anos de hoje. Ri pouco, faz rir muito, fala envolto num crepon de malícia, e todo o seu humor é antifiguri. Dentro de sua alma vibram jograis, saltam andarilhos, vivem polichinelos, cantam bufões, se escondem saltimbancos, bobos, truões, entremezistas, patuscos e politiqueiros, todos os palhaços do rei - de cuja sabedoria ele se apropriou para ser o rei dos palhaços. Pois, para ele, fazer rir é fácil - escapar com vida é que são elas. Acha que o teatro e a televisão se incompletam e o teatro é melhor, pois ninguém tem a coragem de desligá-lo no meio da piada. Acredita que o humor desarma o espírito mas não tanto que possa desarmar Saddam Hussein.
E, depois de dez milhões de anos de Homo faber, um milhão de anos de Homo sapiens, está certo de que, se o mundo estourar no Golfo, chegou, enfim, a hora do Homo ludens.
Uma frase perdida: “A vida é sempre em volta”. A pergunta metafísica: “Que fazer do homem que não gasta o destino”. Uma dúvida de fé: “Se Deus existe, porque nunca veio ver o meu espectáculo?”. Epitáfio proposto: “Agora já é tarde”.
E aí está o Raul feito e medido. Do Solnado eu nem falo.
Millôr Fernandes_Rio de Janeiro, Outubro de 1990, in “A Vida não se Perdeu”, Leonor Xavier, Lisboa, 1991, Difusão Cultural

RAUL SOLNADO
Em 1961, revelou-se um dos maiores actores cómicos deste século, Raul Solnado.
Há já dez anos que Solnado andava pelos palcos, e dera já muito nas vistas, mas na revista “bate o pé”, no palco do Maria Vitória, a sua “História da guerra de 1908” impõe um novo tipo de humor, um nonsense delirante e corrosivo, de tal modo que o humor no teatro português nunca mais foi o que era dantes.
Tudo em Solnado era maravilhoso e diferente; a sua relação imediata com o público, que repetia pelas ruas frases dos seus monólogos, que se ouviam incessantemente na rádio, era só comparável aos maiores cómicos do passado.
Porém os seus processos de fazer rir, o seu intenso lisboetismo, o seu ar atarantado, as suas súbitas pausas, era tudo novo, tudo original. Rapidamente, Raul Solnado triunfou na comédia, em êxitos enormes, como “Vamos contar mentiras”(1963), de Alfonso Paso, mais de um ano em cena, ao lado da muito jovem e sedutora Florbela Queirós e do subtil Armando Cortez. e era êxito atrás de êxito.
No auge da sua popularidade, Raul Solnado quis ter o seu teatro fora do Morgado, e nasceu, em 1964, o Teatro Villaret, um espaço bonito, que era a primeira casa de espectáculos integrada num prédio de escritórios, coisa que só recentemente fora autorizada. Comédias como “Desculpe se o matei” (The Gazebo, 1965), de Alec Coppel, enchiam, todas as noites, em duas sessões, os 400 e tal lugares da jovem sala. Contracenando quase sempre com Solnado, estava Armando Cortez, magnífico actor e encenador, tradutor cheio de espírito.
Durante algumas tardes, Jacinto Ramos apresentou, no Villaret, o seu Teatro do nosso tempo, tendo conseguido convencer a voltar ao palco a tão desejada Maria Barroso, em “O segredo” (The Aspern Papers), de Michael Redgrave, d´après Henry James, e depois, “Antígona”, de Jean Anouilh. Por esta altura, Maria Barroso fez um espectáculo no São Luiz, com poesia e o monólogo “A voz humana”, de Jean Cocteau, espectáculo que nunca existiu, já que a censura proibiu que a ele fosse feita qualquer tipo de referência em jornais, caso espantoso.
Entretanto, eis que Solnado e o seu sócio, o cenógrafo Rui Martins, decidem tornar o seu teatro mais rentável financeira e artisticamente, já que as comédias faziam longas tournées. E assim criaram, em 1965, a CPC, Companhia Portuguesa de Comediantes, com base no nome fortíssimo de Eunice Muñoz.
Victor Pavão dos Santos, in “Panorama da Cultura Portuguesa no Século XX”, Porto, 2001, Fund. Serralves.


RAUL SOLNADO

Esboço de uma cronologia

TEATRO
1952 - “Sol da Meia-Noite”, de José Viana, no Maxime, com Aníbal Nazaré; José Viana; Gina Braga
1953 - “Não Vale a Pena Ser Mau”, de Aníbal Nazaré, no Monumental, com José Viana; Oscar Acúrsio
1953 - “Canta Lisboa”, de Aníbal Nazaré, no Monumental, com Laura Alves
1953 - “Viva o Luxo”, de Aníbal Nazaré; António Cruz, no Monumental, com Laura Alves; Irene Isidro; Manuel Santos Carvalho; António Silva
1953 - “Ela Não Gostava do Patrão”, de Vasco Morgado, no Monumental, com Palmira Bastos; Irene Isidro; Laura Alves; Hermínia Silva; Assis Pacheco; Alves da Cunha; Teresa Gomes; Santos Carvalho
1953 - “Há Horas Felizes”, no Variedades, com Vasco Santana; Bibi Ferreira
1953 - “O Pinto Calçudo”, de André Brun, no Monumental
1953 - “Maria da Fonte”, no Monumental, com Santos Carvalho
1954 - “...E o Fado Caiu no Samba”, no Monumental, com Santos Carvalho
1954 - “A Grande Aventura de Robin dos Bosques”, no Monumental
1954 - “A Rosinha dos Limões”, no Apolo, com Carlos Coelho; Hermínia Silva; Santos Carvalho; Milu; Curado Ribeiro
1954 - “A Irmã São Suplício”, no Apolo, com Alves da Cunha; Milu; Curado Ribeiro; Carlos Coelho
1954 - “O Tio Valente”, no Avenida, com Alves da Cunha; Artur Semedo; Maria Emília Baptista; Fernanda Borsatti; Carlos Alves
1955 - ”O Zé do Telhado”, no Apolo, com Álvaro Pereira; Hermínia Silva
1955 - “De Bota Abaixo”
1955 - “Melodias de Lisboa”, de Fernando Santos; Nelson de Barros; no Monumental, com João Villaret; Laura Alves; Assis Pacheco
1956 - “Abril em Portugal”, no Variedades, com Andrade e Silva; Armando Cortês; José Viana; Carlos Duarte; Carlos Wallenstein; Fernanda Borsatti; Helena Vieira; Canto e Castro; Oscar Acúrsio; Vasco Morgado Júnior
1956 - “Aí Vêm Palhaços”, no Monumental, com Mário Pereira
1956 - “Ar, Água e Luz”, de Ricardo Malheiro
1956 - “Desencontro”, de Armando Vieira Pinto, no Avenida
1956 - “Teatro de Brincar”, no ABC
1956 - “Grande Noite do Fado”, no Coliseu dos Recreios - Lisboa
1956 - “Não Faças Ondas”, no Variedades, com Milú; João Villaret; Costinha; Leónia Mendes; Carlos Coelho
1956 - “Amor em Concordata”, no Apolo, com Joselita Alvarenga
1957 - “Todo o Mundo e Ninguém”, de Gil Vicente, no Monumental, com Jacinto Ramos; Maria Bastos
1957 - “Um Pedido de Casamento”, de Tchecov, no Monumental, com José Viana; Varela Silva
1957 - “Música, Mulheres e...”, de Vasco Morgado, no Monumental, com Laura Alves; Camilo de Oliveira; Armando Cortês; Susana Prado
1957 - “Três Rapazes e uma Rapariga”, de Roger Ferdinand, no Monumental, com Vasco Santana; Maria Helena; Henrique Santana; João Perry; Maria Manuela
1958 - “Pernas à Vela”, de Eugénio Salvador, no Variedades, com Eugénio Salvador; Barroso Lopes; Humberto Madeira
1958 - “Abaixo as Saias”, de Eugénio Salvador, no Maria Vitória, com Irene Isidro; Teresa Gomes; António Silva
1958 - “Agora É Que São Elas”, no Teatro João Caetano, com Rosa Mateus
1958 - “Vinho Novo”, de José Miguel, no ABC
1959 - “Mulheres à Vista”, de Nelson de Barros, no ABC, com José Viana; Berta Loran; Carlos Coelho
1959 - ”Delírio em Lisboa”, de Fernando Santos; Nelson de Barros, no ABC com Carmen de Lirio; Max; Carlos Coelho
1959 - “Quem Sabe, Sabe...”, de Aníbal Nazaré; António Cruz, no ABC
1960 - “Acerta o Passo”, no ABC, com António Montês, Fernanda Maria; Maria Adelina; Max; Camilo de Oliveira
1960 - ”A Vida é Bela”, de Nelson de Barros; Fernando Santos, no Capitólio, com Berta Loran; Milu; Carlos Coelho; Humberto Madeira; Florbela Queirós; Maria Alice Ferreira
1961 - ”Campinos, Mulheres e Fado”, de Amadeu do Vale, no Capitólio
1961 - ”Charley´s Aunt”, de Brandom Thomas, no Monumental, com Irene Isidro
1961 - “Bate o Pé”, de Fernando Santos e Nelson de Barros, no Maria Vitória, com Berta Loran; Carlos Coelho; Humberto Madeira; Florbela Queirós; Maria Alice Ferreira
1962 - “Sol e Dó”, de João Nobre; José Galhardo, no Maria Vitória, com Eva Todor; Nicolau Breyner; Florbela Queirós
1962 - ”Lisboa à Noite”, de Vasco Morgado, no Avenida, com Humberto Madeira; António Silva
1963 - ”Vamos Contar Mentiras”, de Alfonso Paso, no Monumental, com Florbela Queirós; Armando Cortês
1964 - “O Segredo”, de Michael Redgrave, no Villaret, com Maria Barroso; Dalila Rocha; Isabel de Castro; Fernanda Coimbra; Octávio Borges
1964 - ”Antígona”, de Jean Anouilh, no Villaret, com Maria Barroso; Jacinto Ramos; Isabel de Castro; Fernanda Coimbra
1965 - “O Impostor Geral”, de Gogol, no Villaret, com Francisco Mata; Carlos Wallenstein; Maria Paula; Armando Cortês; Barroso Lopes; Francisco Nicholson
1966 - ”Braço Direito Precisa-se”, no Villaret, com Maria Paula; Barroso Lopes; Isabel Ruth; Armando Cortês; Francisco Nicholson; Clara Rocha; Luís Pinhões; Rui Matos
1966 - ”Desculpe Se o Matei”, de Artur Ramos; Armando Cortês, no Villaret
1966 - ”A Guerra do Espanador”, de Neil Simon, Francisco Mata, no Villaret, com Barroso Lopes; Isabel Ruth; Isabel de Castro; Francisco Nicholson; Luis Pinhão; Pedro Pinheiro
1966 - ”Quando É Que Tu Casas Com a Minha Mulher?”, de Jean-Bernard Luc; Jean Pierre Conty, no Teatro de S.João, com Maria Paula; Isabel de Castro; Maria Laurent; Glória de Matos; Armando Cortês; Francisco Nicholson
1966 - ”Querida Mulatinha”, de Francisco Nicholson, no Villaret, com Iolanda Braga; Glória de Matos; Barroso Lopes; Armando Cortês; Francisco Nicholson; Luís Pinhão; Gilberto Gonçalves; Ângela Ribeiro
1967 - “Assassinos Associados”, de Robert Thomas, no Villaret, com Madalena Soto; Barroso Lopes; Fernanda Borsatti; Armando Cortês; Ângela Ribeiro; Nicolau Breyner; Júlia Babo
1967 - ”O Fusível”, de Peter Shaffer, no Villaret, com Fernanda Borsatti; Manuela de Freitas; Luís Pinhão; Henriqueta Maia; Barroso Lopes
1967 - ”Pais Abstractos”, de Pedro Bloch, no Villaret, com Glauce Rocha; Glaber Rocha; Jorge Dória; Ana Maria Nabuco; Orlando Miranda; Celso Cardoso
1967 “Pois, Pois...”, de João Nobre; Carlos Dias; José Galhardo, no Variedades, com Ivone Silva; Barroso Lopes; Armando Cortês; Francisco Nicholson; Wanda Moreno; Simone Maria; Maria Teresa Quinta; Marília Gama; Fernanda Franco; Odete Nunes; Clarisse Belo; Dina Maria
1968 - “Oh, Que Delícia de Coisa”, de Miguel Gila, no Villaret, com Ana Paula; Fernanda Borsatti; Henriqueta Maia; Barroso Lopes; Luís Filipe; Carlos Queirós; Fialho Gouveia
1968 - “A Preguiça” (La Pereza), de Ricardo Talesnik, no Villaret, com Fernanda Borsatti; Alina Vaz; Mário Jacques; António Montês; David Silva
1969 - “Amor às Riscas”, de João Belchior Viegas, no Villaret, com Joselita Alvarenga; Artur Semedo
1969 - “O Vison Voador”, no Villaret, com Maria Paula; Artur Semedo; Fernanda Borsatti; Georgina Cordeiro; Vasco Lima Couto; Henrique Viana; David Silva; Io Apolloni; Maria Laurent; Yola; Clarisse Belo
1971 - ”O Tartufo”, de Molière, no Villaret, com Manuela Maria; Laura Soveral; Margarida Mauperrin; Maria do Céu Guerra; Norberto de Sousa; Ivone de Moura; Mário Pereira; Fernando Curado Ribeiro; Henrique Viana; João Guedes; David Silva; Maria Alvim
1972 - “P´rá Frente Lisboa”, de Paulo da Fonseca; César de Oliveira; Rogério Bracinha, no Monumental, com Irene Isidro; José de Castro; Florbela Queirós; Marlene; Beatriz da Conceição; Linda Silva; Fernanda Franco; Júlio César; Marília Gama; Fernanda; Maria Pinto
1975 - “Schweik na Segunda Guerra Mundial”, de Brecht, no Maria Matos, com Lurdes Norberto; Armando Cortês; Rui de Carvalho; Benjamim Falcão; Vitor de Sousa; Carlos Santos; José Brás; Carlos Veríssimo; Luís Cerqueira; Andrade e Silva; Adelaide João; Fernanda Borsatti; Arminda Taveira; João de Carvalho; Madalena Carvalho
1976 - ”Isto É Que Me Dói”, de Paulo Pontes, no Variedades, com Cândido Mota; David Silva; Guida Maria; Joel Branco; Luís Mascarenhas
1978 - “Felizardo e Companhia, Modas e Confecções”, de Eduardo Schwalbach, no Variedades, com Ana Paula, Maria Adelina, Verónica, Rita Ribeiro, Vitor de Sousa, Herman José, José de Carvalho
1979 - “A Tocar é Que a Gente se Entende”, de Santiago Moucada, no Monumental, com Alina Vaz; Rosa do Canto; Henrique Viana
1981 - “Há Petróleo no Beato”, de Francisco Mata; Raul Solnado; Gonçalves Preto; Júlio César, no Variedades, com Susana Prado; Alda Pinto; Rosa Pinto; David Silva; Cândido Mota; João Coelho; Júlio César; Eduardo Viana; Carlos Cunha
1983 - “Super Silva”, de Ray Cooney, no Villaret, com Rui Mendes; Dulce Guimarães; Manuela Carlos; Luis Mata; Luís Alberto; Igor Sampaio; José Renato Solnado
1986 - “Lisboa, Tejo e Tudo”, de Raul Solnado; César de Oliveira e Fialho Gouveia, no ABC
1988 - ”Auto do Fidalgo Aprendiz”, de D.Francisco Manuel de Melo, no Teatro Nacional D.Maria II, com Ruy de Carvalho; Fernanda Borsatti; Barroso Lopes; João de Carvalho; Paula Rocha; Vitor Ribeiro; Lúcia Maria; Paulo Lages; Igor Sampaio; Luís Bandeira; Carlos Pimenta; Ma Emília Carvalho; Diogo Varela; Jaime Rosa; António Anjos; Rui de Matos; Manuel Coelho; Carlos Duarte; Paula Mora; António Rama
1990 - ”Os Bancários Também Têm Alma”, de Terzoli Vaine, no Villaret, com Armando Cortês; Manuela Maria; Io Apolloni
1992 – “O Morcego”, de Johan Strauss - Ópera, no São Carlos.
1995 – “O Avarento”, de Moliére, com Maria do Céu Guerra, Encenação de Herder Costa.
2001 - “O Magnífico Reitor”, de Diogo Freitas do Amaral, com Rui Mendes, Helena Isabel, no Teatro da Trindade
2002 - “Conversas à Solta” (Sábados de Comédia), no Casino do Estoril

RÁDIO
1956 - “Ouvindo as Estrelas”- Emissora Nacional
1965 - Rádio Clube Português - José Viana, Badaró
1965 - “Arco-Íris”, Francisco Mata, Maria Leonor (Rádio Emissora Nacional)
1970 - “Tempo-Zip”, Carlos Cruz, Fialho Gouveia, Raul Solnado

TELEVISÃO
1957 - Primeiro programa regular de produção própria da televisão portuguesa
1963 - “Sete no Sete” - Tv Record
1963 - “7o Aniversário- RTP”
1964 - “Esquema 64 - Frente de Março”- TV Rio
1964 -
1969 - “A Casa Fronteira”- Slawamir Mnozek, com João Guedes, Luís Santos, Constança Navarro, Hugo Casais, Mário Jacques, Sousa e costa, Barroso Lopes, Oscar Acúrsio, Mariana Vilar, RTP
1969 - “Zip-zip”, com Carlos Cruz, Fialho Gouveia, RTP
1970 - “Risoflé, Risoflá”, com Fialho Gouveia, José Niza, Rolo Duarte, RTP
1971 - “A visita da Cornélia”, no Villaret, RTP
1980 - “Prata da Casa”, no Villaret, com Fialho Gouveia, RTP
1981 - “E o resto são cantigas”, no Villaret, com Carlos Cruz, Fialho Gouveia, RTP
1983 - “Vamos caçar mentiras”, no Teatro Aberto, com Fialho Gouveia, João Mota, Carlos Paulo, José Carlos Cunha, RTP
1983 - “Fim de Semana”, com Carlos Pinto Coelho, José Nuno Martins, Mário Zambujal, RTP
1984 - “Um, dois, três”- Coliseu de Lisboa - RTP- Carlos Cruz
1986 - “Faz de Conta”, RTP
1986 - “Mala de Cartão”- Michel Win, RTP
1986 - “Resposta a Matilde” de Fernando Namora, RTP
1986 - “Baton” (Noites de Teatro) de Alfredo Cortês, com Eunice Muñoz, Irene Cruz, Glória de Matos, Lurdes Norberto, Lídia Franco, Virgílio Castelo, Paula Mora, Natália Luísa, Maria José Pascoal. Gravado na RTP/ Estúdio do Lumiar
1986 - “O Vinho”- Miguel Torga, RTP
1987 - ”Lá em Casa Tudo Bem” de Raul Solnado, Mário Zambujal, Couto dos Santos, Luís Campos, com Margarida Carpinteiro, Armando Cortês, Manuel Cavaco, Natália Luísa, Amélia Videira, Rui Luís, RTP
1988 - “Topaze”- Marcel Pagnol, RTP
1988 - “Conto de Natal”, de Lauro António - exibido na RTP 1 no Programa Especial de Fim de Ano
1990 - Programa Especial - Fim de Ano - “O Jantar”- Freddie Frinton, com Irene Isidro, RTP
1992 – “A Banqueira do Povo”, de Walter Avancine; produção de Walter Arruda – telenovela
1997 - “Meu Querido Avô”
1998 - “Vasco Santana: O Bom Português”
2000 - “Ajuste de Contas” - telenovela
2000 - “Facas e Anjos”, de Eduardo Guedes, Telefilme SIC
2002 – “Raul Solnado – O Estado de Graça”, doc. de Luís Filipe Costa

CINEMA
1956 - “O Noivo das Caldas”, de Arthur Duarte
1957 - “Perdeu-se um Marido”, de Henrique Campos
1957 - “Sangue Toureiro”- Augusto Fraga, com Amália Rodrigues, Diamantino Viseu, Fernanda Borsatti, estreado no Cinema Condes
1958 - “O Tarzan do 5º Esquerdo”, de Augusto Fraga, com Carmen Mendes, estreado no Cinema Condes
1961 - “As Pupilas do Sr. Reitor”, de Anselmo Duarte, com António Silva, Eugénio Salvador
1962 - “Dom Roberto”, de Ernesto de Sousa, com Carlos Fernando, Glicínia Quartin, Rui Mendes, Adelaide João, estreado no Cinema Império
1962 - “O Milionário”, de Perdigão Queiroga, estreado no Cinema Avis (Luanda)
1973 - “Aventuras de um Detective Português”, de Stephen Wohl
1986 - “A Balada da Praia dos Cães”, de José Cardoso Pires
1989 - “Aqui D’el Rei”, de António Pedro de Vasconcelos
1998 - “Requiem”, de Alain Tanner
1998 - “Senhor Jerónimo”, de Inês de Medeiros


“BATON”
Realização: Artur Ramos (Portugal) Argumento da peça de Alfredo Cortês; Produção: RTP
Intérpretes: Raul Solnado, Glória de Matos, Lurdes Norberto, Paula Mora, Natália Luísa, Maria José Pascoal, Irene Cruz, Lídia Franco, Eunice Muñoz, Virgílio Castelo.
Duração: 82 minutos; Exibido na RTP

“CONTO DE NATAL”
Realização: Lauro António (Portugal, 1988) Argumento: Lauro António e João Maria Tudela, segundo uma história de João Maria Tudela; Director de Fotografia: Manuel Costa e Silva (cor); Som: Manuel Samora; Produção: L.A. Produções Cinematograficas; Montagem: Teresa Tainha; Assistentes de Produção e Realização: Avelino Frescata e Helena Barão da Cunha; Assistente de Decoração: Helena Corado; Intérpretes: Raul Solnado, Adelaide João, Luis Pinhão, Rosa Vieira, Mário Simões e a voz de Carlos Mendes
Duração: 25 minutos; Filmado entre 1 e 7 de Dezembro de 1988, em 16mm Easmancolor; Exibido na RTP 1 inserido no Programa Especial de Fim de Ano (31 de Dezembro de 1988)

Este conto procura dar o retrato de duas solidões numa qualquer Noite de Natal, em qualquer parte do mundo.
De um lado, um pobre vagabundo que se prepara para passar mais uma noite sozinho, enrolado em farrapos, num beco miserável. Súbito, descobre que a noite é de Natal e junto à fogueira, que entretanto acendera, vai improvisar uma pequena arvore de Natal, engalanada com latas velhas, pratas de chocolate e outros detritos que recupera para o efeito. A sua ambição é ter um amigo...
No outro lado da cidade, numa zona abastada, alguém prepara um faustoso Natal, prevendo a chegada dos amigos, a distribuição das prendas, a ceia... Mas os amigos, um a um, vão telefonando a dizer que não podem aparecer. Agarra então, nos presentes que comprara e saí para a rua, no seu carro, cruzando-se com os raros transeuntes que encontra (a prostituta, guarda nocturno, velho solitário, etc) a quem vai oferecendo os presentes. Até que se cruza com o vagabundo...
Os olhos de um e outro encontram-se...

“DOM ROBERTO”
Realização: Ernesto de Sousa (Portugal, 1962) Argumento: Leão Penedo, adaptado por Ernesto de Sousa; Director de Fotografia: Abel Escoto (p/b); Som: Augusto Lopes; Produção: Cooperativa do Espectador; Director de Produção: Pena e Costa; Música: Armando Santiago, poemas de Alexandre O’Neil cantados por Helena Claudio de Sousa; Montagem: Pablo Del Amo; Colaboração Plástica: Benjamim Marques, Hernani Taveira;
Intérpretes: Raul Solnado (João Barbelas), Glicínia Quartin (Maria), Luis Cerqueira, Costa Ferreira, Rui Mendes, Fernanda Alves, Isabel do Carmo, Esperança Monteiro, Adelaide João, Olga da Fonseca, Nicolau Breyner, Telmo Rendeiro, Cesar Augusto, Isaura Rocha, Julieta Cardoso, Carlos Fernando, Benjamin Falcão, Pedro Boaventura, Carlos Grifo, Jorge Rodrigues, Lurdes Lopes, Bento José, Manuel Bento, José Baleia, Luis Alberto e Marília Fernandes
Duração: 100 minutos; Distribuição: Imperial Filmes

“Dom Roberto” representa a viragem no Cinema Português, para o período a que se convencionou chamar “Cinema Novo”. Ernesto de Sousa estreava-se na realização de filmes de fundo e Abel Escoto na fotografia. Era uma obra de gente nova, dentro de uma perspectiva diferente.
João Barbelas (Raul Solnado) é um vagabundo sonhador, perdido na grande cidade e capaz de acreditar num futuro melhor. Fabrica fantoches (“robertos”), com os quais faz teatrinhos para as crianças, o que lhe valera a alcunha de D. Roberto. Na sua vida, onde só ele teima em descobrir uma réstia de esperança, surge Maria (Glicínia Quartin). João Barbelas já não sonha a sós: tem agora uma companheira e acredita que, juntos, vão conseguir um amanhã melhor, uma casa onde habitar e um pouco de felicidade. No entanto, as ilusões não duram muito tempo: a casa abandonada onde pretendiam fazer o seu lar é demolida e eles encontram-se de novo na rua. Apesar de tudo, algo resta, que ninguém consegue destruir: o amor, a esperança e a ternura...

SKETCHES
Realização: Fernando Frazão (Portugal, 1964-69); Câmaras: Carlos Gomes, Filipe Melo, Sanches Alves, Frazão Silva, Guerreiro Soares, Gustavo Pavão, Augusto Rosa, José Castelhano; Som: Alexandre Gonçalves, Jorge Teófilo, João Rodrigues, Paiva Nunes, José Gomes Filipe; Iluminação: Fernado Rodrigues, Simões Alberto; Montagem: Fernando Luz; Dir. Tv: Luís Andrade, Victor Manuel; Montagem para R!R 2002: Frederico Corado; Produção: RTP
Intérpretes: Raul Solnado, Nicolau Breyner; José Alexandre; Baptista Vieira; Carlos Cruz; Fialho Gouveia; José Nuno Martins, etc.
Exibidos na RTP

Ao longo de vários programas de televisão, especialmente no Zip-Zip, Raul Solnado criou personagens inesquecíveis, reunindo talento e sensibilidade e recorrendo a uma capacidade de comediante versátil, inteligente e verdadeiramente inconfundível. Com o seu jeito tímido, com as pausas e hesitações tão suas, com um notável poder de observação e crítica, foram surgindo no pequeno ecrã figuras que ainda hoje perduram na nossa memória e que gostosamente revemos, como é o caso do carismático Ludgero Clodoaldo ou do castiço Alfredo Marceneiro. São alguns desses sketches que R!R seleccionou e reuniu numa sessão que nos remete ao tempo em que os grandes sucessos de televisão vinham para durar, durar, durar... Rever – ou ver pela primeira vez - Solnado nos seus melhores momentos e na companhia de nomes como Nicolau Breyner, Carlos Cruz ou Fialho Gouveia é certamente um dos grandes prazeres que o R!R nos proporciona.

“HÁ PETRÓLEO NO BEATO”
Realização: Oliveira Costa (Portugal, 1964) Argumento: Raul Solnado, Júlio César, Francisco Mata, Gonçalves Preto; Produção: RTP / Maria José Mendonça
Intérpretes: Raul Solnado, Alexandra Solnado, Carlos Cunha, Alexandra Prado, Alda Pinto, João Grosso, Júlio César, João Coelho, Cândido Mota.
Duração: 108 minutos; Exibido na RTP

E se houvesse petróleo no Beato? Sim, no Beato, em Lisboa, mais precisamente no quintal do Horácio? Isso é que era uma grande descoberta! Família em polvorosa, amigos invejosos, vizinhos coscuvilheiros e uma parafernália de “penduras” e aldrabões. Mas petróleo, coisa de sheikes árabes, é coisa para o Horácio ficar milionário! E um milionário no Beato não aparece todos os dias! O pior é que a sorte grande só sai aos outros e o petróleo também...

“VAMOS CONTAR MENTIRAS”
Realização: Fernando Frazão (Portugal, 1964) Argumento: Alfonso Pablo; Produção: RTP
Intérpretes: Raul Solnado (Lourenço), Maria do Céu Guerra (Júlia); Armando Cortês (Carlos); Camacho Costa, Vitor Norte,
Duração: 88 minutos; Exibido na RTP a 2 de Novembro de 1964

Uma pequena aventura na noite de Natal

“RAUL SOLNADO – O ESTADO DE GRAÇA”
Realização: Luís Filipe Costa (Portugal, 2002); Produção: Maria Otília Ribeiro – Foco; Com depoimentos de Raul Solnado, Leonor Xavier, Maria do Céu Guerra, José Viana, Aramdo Cortez, Adriano Moreira, Emílio Rui Vilar, Artur Ramos, Nuno Brederote Santos, etc.
Duração: 50 minutos; Exibido na RTP em Dezembro de 2002.
(Dossier organizado por Frederico Corado e Lauro António, por altura dos festivais RIR, Famafest e Cine Eco, 2003, onde o actor foi homenageado). (Direitos de autor registados. Citar com referência).